Gosto de lugares remotos onde há pouca luz artificial
E os céus parecem mais amplos e suas nuances mais belas
Onde luzes celestiais brilham e rebrilham intensamente ao seu natural
Encantando os olhos impuros com suas miríades de estrelas...
Aqui no interior do interior desta distante cidadela
Em que à noite se pode ouvir o som do rio sinuoso e gutural
Ou os sons dos inúmeros animais em que a noite escura vela
Como se o mundo inteiro fosse um único e imenso quintal...
Aqui onde posso ficar olhando as estrelas no infinito
Quase todas, tantas quantos o meu olhar puder alcançar
Sob o veludo deste céu azul escuro estranhamente bonito
Volto a ser criança quando me pego as estrelas, a contar...
Reconheço entre elas, algumas constelações e planetas
Tão vivas em meus sonhos de infância de viagens espaciais
Quando me via navegando na cauda de velozes cometas
Ou singrando pelo vazio do espaço tão sozinho quanto em paz...
Sem perceber passo horas a fio, olhando as estrelas no firmamento
E imaginando em qual delas, ao fim desta vida, irei morar
Nessa profusão de sensações que transformam o sentimento
De estar a esta hora aqui, longe de tudo, neste outro lugar...
A noite passa dando sua vez às profundezas da madrugada
Enquanto as estrelas mudam de posição em sua dança sutil
Diante delas me sinto tão pequeno, ínfimo, um quase nada
Mas a salvo desse mundo tão frio, sem graça e hostil...
Abro os braços desejando apaixonadamente abraçar todas elas
Sinto que o mundo ao meu redor em seu carrossel vai girando
Chego a vislumbrar o último brilho furtivo de algumas estrelas
Enquanto a luz do Sol vem suavemente o véu noturno desmanchando...
João C. Lima.