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quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

MAGNETISMO...

Quero ser atraído sutilmente pelo brilho do seu olhar
E ver no mar castanho da sua íris meu desejo refletir
Quero sentir a imantação dos nossos lábios quando te beijar
E deixar a fonte dessa paixão nossos corpos cerzir...

Quero estar bem junto se a tristeza te fizer chorar
E num abraço tudo que te fez mau extinguir
Quero minha alma na sua simplesmente entrelaçar
E unidos nesse querer ver a alegria florir...

Quero sua mão na minha calorosamente pegar
E no sentimento desse toque todo o seu calor sentir
Quero nesse encanto o meu coração ao seu juntar...

E falar sábias bobagens só pra te ver de novo sorrir
Quero sua vida confusa, na confusão da minha vida misturar
E que nosso magnetismo venha eternamente nos unir...



João C. Lima.

domingo, 27 de dezembro de 2020

CONCHA DO MAR...

Daqui as ondas de algum distante mar consigo ouvir
Chego a sentir entre os dedos dos pés a areia da praia
O cheiro da marizia que um vento maral soprou por aqui
Enquanto sob um Sol avermelhado uma nova manhã raia...

Ouço o mar que bate contras as pedras violentamente suave
Gaivotas guinchando planam levadas no ar pela corrente
Sob o azul deste céu sinto-me num templo diante da nave
Tendo na praia, deste outro mundo, uma percepção diferente...

Entre as ondas, nas pedras posso ouvir das sereias o canto
Me atraindo para muito além do que posso imaginar
Sinto-me enfeitiçado e envolvido por esse encanto...

E nessa natural harmonia deixo minha mente se inebriar
A emoção faz brotar um oceano dos meus olhos em forma de pranto
Desde o momento em que curioso escutei nessa concha, o mar...



João C. Lima.

domingo, 20 de dezembro de 2020

BONITA...


Digo com toda ternura que tenho por ela
Que finge não entender, como quem não acredita
Antes das palavras, no meu olhar já se revela
Mesmo assim, ela com um sorriso me finta...

Nas poesias, que rabisco e rebusco nessa tela
Nas entrelinhas dos meus versos que o seu nome cita
Ou se falo com clareza o quanto és bela
"São os seus olhos", me diz sorrindo a bendita...

Não consigo descrever suas cores, nessa aquarela
Pois o pensamento transcrito em palavras se limita
São como paisagens vistas por uma mística janela

Muito além do que minha percepção sente e edita
Mas sua riqueza insisto em traduzir de forma singela
Para apaixonadamente lhe dizer, que ela é bonita...



João C. Lima.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

SEUS LÁBIOS...

Ávido busco em seus agrestes lábios
Todos os versos, prosas e canções
Entre sussurros indecifráveis e pouco sábios
Misturadas a raras palavras e muitas emoções...

E na doçura ácida dos seus lábios
Sinto o sabor passageiro das estações
Um tempo pra dissipar nossos tolos ressábios
Outras primaveras e outros verões...

Busco no calor carmim dos seus lábios
A sofreguidão que acelera nossos corações 
Quando sem noção compomos adágios

E fazemos reais nossas pueris ilusões
Num beijo ardente unir os meus aos seus lábios
E quiçá nos afogarmos num mar de paixões...


João C. Lima.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

ANJO DECAÍDO...


Devo confessar
Sou aquele que fugiu do Céu
E numa desastrosa descida
Perdeu suas asas
Ao pisar nesta Terra
As viu se transformar em brasas...

Fui eu que desobedeci a Deus
Que abandonei meus iguais
Larguei a Ordem das Legiões Celestiais...
Alguns disseram que eu me arrependeria
Mas sem exitar eu me atirei
No ar...
E neste mundo confuso
Despenquei...

Perdi meus poderes de anjo
Até mesmo minha imortalidade
Me vi um homem comum
Sangrei e chorei...
O Pai tentou me levar de volta
Mandou outros iguais virem me buscar...
Mas diante da minha insistência
Em aqui ficar... Se deu por vencido...
Mas me falou com ar carinhoso:
- Filho, que ironia te perder para a maior força que criei...

Agora que estou aqui
Diante do seu olhar
Eu que no Paraíso, uma eternidade vivi
Sem medo de lá desci
Pra como um humano viver
Eu, um Anjo do Senhor
Exatamente nesta Terra
Decaí...
Pra reerguer
Na força do seu amor...



João C. Lima,

domingo, 13 de dezembro de 2020

DEJAVU...

É tão forte a sensação
De que já estivemos aqui
Nessa mesma situação
Neste nosso dejavu...

Foi só pegar na sua mão
Tudo que vivemos revivi
No embargo soberano da emoção
Sentir o que nossa percepção permitir...

Não é como uma volta ao passado
Esse momento, aqui tão presente
Pra resgatar um amor inacabado...

Que mesmo à distância não se fez ausente
Virar a página do que foi mal, no passado
Pra vivermos juntos, simplesmente...



João C. Lima.

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

PENSEI QUE ERA AMOR...

Quando o seu olhar caiu  no meu olhar
Pensei que era amor...
Que me derrubou sem sentir dor
Feito uma onda serena do mar...

Quando sua mão tocou minha mão
Fazendo até meu céu mudar de cor
Pensei que era amor...
Batendo tão louco e forte no meu coração...

Quando seu corpo colou no meu corpo
Pensei que era amor...
Me fez sentir assim um arrepio assustador
Ressucitando esse desejo semimorto...

Quando minha respiração, a sua respirou
Inalei como um viciado, seu perfume em flor
Pensei que era amor...
Que se espalhando dentro de mim me embriagou...

Quando seus lábios beijaram os meus
Pensei que era amor...
Nos sugamos ardentemente, sem limite que for
Assim que meus lábios sentiram os seus...

Quando o sentimento se fez, foi feito quimera
Pareceu-me furtivo e presente, alegria e dor
Pensei que era amor
E amor ele era...



João C. Lima.

sábado, 5 de dezembro de 2020

FLORIR (UM NOVO AMOR)...

Um novo amor floriu
Quando ela sem jeito
Sorriu
Pra mim...
Um amor puro e perfeito
Como jamais existiu
Assim...

O coração se põe a acelerar
Ao sentir a semente do amor
Brotar...
De novo em mim
Nascendo feito uma flor
Perfumes e pólens pelo ar
Assim...

Surgiu entre olhares
Ela me viu quando a vi
Com asas nos calcanhares
Num vôo noturmo, sem fim
A emoção nos trouxe aqui
Tornamos um, sendo pares
Assim...

A esperança havia perdido
De um novo amor viver
O coração renasceu em flor
Meu peito virou jardim
Pra essa divina flor colher
E quem sabe morrer de amor
Enfim...



João C. Lima.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

ÍNTIMO CONFIM...

Sempre trago no coração a sensação de ir embora
Como a querer voltar pra onde nem sei se vim
Minha mochila carregada de coisas pra qualquer hora
Pronta para partir deste lugar pra outro lugar enfim...

Sigo sempre distante de tudo, como estou seguindo agora
Na direção daquilo que me leve a um outro enigmático fim
A emoção que explode em meu peito, em meus olhos aflora
Meu corpo é transportado, enquanto a alma já se foi assim...

Levo comigo sabores, cheiros e cores de outrora
E certas paixões que quase deram cabo de mim...
Caminho na direção do horizonte entre o por do Sol e a aurora

Na linha tênue que separa a ilusão pueril dessa realidade ruim
Passo a passo contra o tempo que vorazmente me devora
Vou me embora, vou pra além, desse meu íntimo confim...



João C. Lima.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

OCASO...

O dia vai lentamente desmaiando, descortinando o seu final
O Sol se despede amortecendo tranquilamente sua luz
As sombras esfriam o ar de modo suave e natural
Enquanto uma nesga de luar um céu dourado-turquesa seduz...

Pessoas apressadas querendo voltar pras suas distantes casas
Em conduções lotadas de angústia, sonhos, desilusão e suor
Enquanto a dúvida obscura abre suas gigantescas asas
A noite misteriosa vai transformando as formas ao redor...

A vermelhidão que ateia fogo ao céu ao fim da tarde
Vai dando lugar a um lume de estrelas e constelações
Uma Lua pálida vem ascendendo plena e sem alarde...

Trazendo em sua luminosidade leitosa, estranhas sensações
A brisa fria sopra e o negrume da noite os recônditos invade
E assim jaz mais um dia com suas múltiplas aquarelas e transições...



João C. Lima.

domingo, 22 de novembro de 2020

IRREMEDIAVELMENTE...

Ela toma seu café olhando a chuva que cai lá fora
E as gotas que escorrem contraluz colorindo a vidraça
O vapor quente da caneca na umidade do ar evapora
Enquanto a simbiose entre nós qualquer silêncio ultrapassa...

Ela sorri, sibilando palavras como quem versos decora
Ao mesmo tempo que uma terna sensação nossas almas abraça
Mal contemos o tamanho do bem querer que nos devora
Deixando que a costura do destino nossa vida refaça...

Com as duas mãos ela segura a caneca de café ainda quente agora
Olhando a chuva caindo vigorosa e lenta, que lá fora não passa
Deixamos qualquer dor do passado as águas da chuva levar embora

Como o calor do nosso sentimento que o ar ao nosso redor embaça
A necessidade de se viver no presente o que deixamos escapar outrora
Na linha tênue que a emoção entre nós dois irremediavelmente traça...



João C. Lima.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

ABANDONO...

Sinto-me folha caída na calçada
De uma árvore de um outro outono
Sou nuvem de chuva ao vento carregada
Viralata procurando um dono...

Sinto-me estrela solitária na madrugada
De um céu de um outro outono
Sou bruma densa sobre a estrada
Outra noite em claro, sem sono...

Sinto-me rua deserta e enluarada
De uma cidade de um outro outono
Sou o lamento de uma alma penada
Um tristonho Diabo em seu trono...

Sinto-me onda se arrastando na areia dourada
De uma praia de um outro outono
Sou tempestade que se anuncia numa trovoada
Um por do Sol na Praia do Forno...

Sinto-me desse tudo um quase nada
De uma vida que passou como outro outono
Sou uma nesga de emoção pela memória tragada
Que vai vivendo e revivendo em seu próprio abandono...



João C. Lima.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

SOLIDÃO EM MIM...


Quando menos espero, ela vem por dentro e me abraça
Minhas entranhas, alma e um combalido coração
Sorri num silêncio mórbido que me despedaça
Mas me consola quando choro sozinho na escuridão...

Acompanha meus passos, enquanto o tempo perpassa
Nessa estrada da vida onde amores perdi na desilusão
Com sua lâmina fria, meu peito mortalmente transpassa
E me abandona moribundo, entre o rancor e a paixão...

A dor que carrego é a mesma que há tempos meu destino traça
E nesse caminho ela está como sempre a estender sua mão
Nesse arremedo de amor que sinto e até em sonhos fracassa

Revelando que muito do que vivi não passou de ilusão
E me rendo quando a angústia o limite ultrapassa
Então, vem e me abraça, a solidão... 


João C. Lima.

domingo, 8 de novembro de 2020

SONS DO SILÊNCIO DA NOITE...

É no silêncio da noite escura
Que certos sons se permitem ouvir
Como passos solitários de quem procura
Um outro coração solitário para interagir...

O som de uma oração ou de um momento de tortura
Ocultos sons que dos porões sombrios vêm emergir
Gritos de brigas ou de jovens fazendo loucuras
Ou sussurros de prazer impossíveis de distinguir...

O vento que geme entre as frestas da velha fechadura
Ou o barulho da chuva na vidraça a espargir
O som de um sax tocado com maestria na embocadura

Ou de um tiro perdido sem seu alvo atingir
Um choro compulsivo por um amor que se fratura
Sons que só no silêncio da noite, se permitem ouvir...


João C. Lima.

sábado, 7 de novembro de 2020

ESTAR COM VOCÊ...

Quero estar com você...
Que é tudo que posso querer
Pois não há nada que eu queira mais
Segurar suavemente na minha a sua mão
Derramar a emoção dos meus olhos nos seus
Na timidez do seu sorriso encontrar a paz
No calor do nosso abraço, a mais pura emoção
Esquecendo toda dor de um velho adeus...
Não percebermos passar o tempo, dia e hora
Sentirmos juntos fluir tudo que nos der prazer
Pra sermos como um só, eternamente neste agora
Quero simplesmente estar com você...



João C. Lima.

domingo, 1 de novembro de 2020

TROVAS DO ABRAÇO...

Quero apenas os seus braços
Ao redor do meu pescoço
Ocupando meus espaços
Causando secreto alvoroço...

E nesse abraço quente e tranquilo
Ficarmos enroscados do tempo além
Em nosso amor em sigilo
Acima do mal e do bem...

Sentir um do outro o corpo firme
Bem junto o seu no meu
Nesse afã que nos imprime
A esquecer o que doeu...

Pra nos abraçarmos sem motivo
Qualquer motivo a gente inventa
E sentirmos um no outro vivo
É onde o querer se alimenta...

Um abraço tão terno e forte
É tudo que mais precisamos
Pra viver a vida e driblar a morte
Abraçados nos amamos...

E vamos ficar assim 
Como um nó sem desatar
Somos começo sem fim
Neste prazer de abraçar...



João C. Lima.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

FOLHAS SECAS...

Vejo as folhas secas
Sopradas na madrugada
Tristes folhas
Sem vida, sem cores, sem nada...
Na varanda abandonada
Parecem emoções perdidas
Ao longo dessa estrada
De percepções aturdidas
Sem vida, sem cores, sem nada...
Folhas secas solitárias
Como tenho vivido e sou
Na manhã descortinada
Sou só restos do que restou
Folhas secas solidárias
Me fazem companhia
Onde vou...

Folhas secas
Foram sopradas
Pelo vento vadio da madrugada
Junto com a poeira do pensamento
Da insônia fez morada
Como eu falso poeta
Que versos torpes arquiteta
Como folhas secas caídas
Não há retorno
Só partidas...
Folhas secas como eu sou
Sou só restos do que restou
Folhas secas sopradas
Na madrugada
Sem vida, sem cores, sem nada...



João C. Lima.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

FAROL...

Eu que um dia sonhei em ser um farol
Pra iluminar o seu noturno e revolto mar
Mas minha luz mal iluminou do seu coração, o atol
Então resolvi, lentamente, da sua vida me apagar...

Pretensão a minha querer ser na tempestade seu farol
Quando você tem sua própria estrela a te guiar
É como querer iluminar a sombra do próprio Sol
Ou das imensas ondas toda a fúria aplacar...

Hoje sei que não posso com minha presença iluminar
Alguém que criou seu próprio amanhecer e arrebol
Aprendi que nem toda escuridão quer a luz como par

E nem todo corpo precisa de um outro como lençol
Que é impreciso contra a correnteza dos sentimentos nadar
E pra chegar ao porto, nem todo barco precisa de um farol...



 João C. Lima.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

O AMOR...

Chega de repente
Não avisa quando vem
Mexe dentro da gente
Faz o mal, sendo bem...

Poderoso, lúdico, envolvente
O coração faz de refém
Complexo, quando simplesmente
Todas as sensações em si contém...

Distorce a razão
Construtivo quanto arrasador
Transcende a intangível emoção

Mistura na vida, prazer e dor
É luz e trevas, na solidão
Súbito e incontrolável, o amor...



João C. Lima.

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

ARMAÇÃO DOS BÚZIOS...

Aqui da varanda vejo os barquinhos
Balançando nas águas daquela baía
E a faixa de areia onde as ondas
E o vento vem naufragar
Nesse dia gris de céus nevoentos
E tristes
Trago no peito a simplória alegria
De rever o mar...
Acalmar meus olhos 
Desativar meus instintos
E me desligar dos problemas
Que junto comigo sempre estão...
Ter tempo pra pensar em nada
E nada ser nessa imensidão
Só mar e céu
Nesta distância fluídica
Só num amor possível pensar...
Esquecer os esquecimentos
Somente esquecer...
Acordar amanhã pela manhã
Pra novamente esquecer
E deixar o silêncio me ninar
Nos braços da paz...
Só céu e mar
Nada mais...



João C. Lima.

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

ELA E O CAFÉ DA MANHÃ...

Ela tocou minha mão com sua mão delicada e fria
Logo cedo, quando o Sol despertou num céu cor de romã
No exato momento em que displicente, eu bebia
O café na caneca, tão quente, quanto uma febre malsã...

Ela sorriu, e seu sorriso, sempre foi tudo que eu queria
Como se só seu sorriso preenchesse o meu remoto afã
Mesmo acenando ao meu coração com sua tímida alegria
Seus lábios atrevidos tocaram os meus, com sabor de hortelã...

Ela conquistou meu mundo e minha alma que já se desprendia
Pensei que fosse desígno de Deus ou artimanhas de Satã
Essa mulher de tantos segredos que minha solidão abolia...

Vem aquecer meu corpo a noite, com sua presença real e sã
Ao despertar, em nosso abraço, a pura felicidade se irradia
E depois, abusada, em minha caneca, bebe o café da manhã...



João C. Lima.

IR EMBORA...

Ela chegou quando eu já ia embora
Eu que mal chego, já me faço partir
Ela demorou a chegar e essa sua demora
Minha partida não pode mais impedir...

Estou sempre indo, como vou agora
Com tristeza nos olhos e o coração a explodir
Parto com meus versos que minha pele decora
Reaprendendo a chorar, desaprendendo a sorrir...

Queria ficar, mas o desejo em meu ser aflora
São tantas emoções, que chego a submergir...
Dominante a saudade que minha alma devora

Deixo o presente, levo o passado, sem pensar no porvir...
Ela que chegou, quando me faço ir embora
Sabe que nem sua chegada pode impedir meu partir...



João C. Lima.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

UM DIA QUENTE(DERRETE)...

Um dia quente
Derrete a gente
O asfalto
O pensamento...
Um dia quente
Derrete a coragem
De ir e vir
Derrete a rua
Os carros 
A sola do tênis
Derrete as roupas
E até quem está sem 
Derrete...
Derrete, o normal
E o avesso, derrete
Derrete a vida, 
A sobrevida, derrete
Derrete o Sol
Derrete a Lua
E as estrelas, derrete
Derrete as montanhas
Os edifícios, os viadutos
Derrete...
Derrete o apetite
Mas não a sede
Derrete o poste
A poça, o poço
Seca.
Ferve o mar
Ferve o ar
Mas derrete até
O que se repete
Derrete...
Derrete os planos
Os projetos
O sonhos, derrete...
Ferve a febre
Enlouquecidos termômetros
Derrete...
Um dia quente
Derrete o começo, o recomeço
E até o fim, ele derrete
Derrete a nuvem
Que trazia chuva
Aquece o vento fresco
O ventilador, a geladeira
O freezer, o ar condicionado, 
Derrete...
Derrete, toda cidade
Que parece um inferno
E até se inferno fosse
Um dia quente, 
Derrete...



João C. Lima.

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

DEDOS...

Essa íntima sensação dos meus dedos
Tocando suavemente os dedos seus
Exorcizando imaginários medos
Ou o momento sombrio de um estúpido adeus...

Sentir entre os dedos nossos segredos
Escondidos na alma entre misteriosos véus
Contando nossas vidas como enredos
Quando seus dedos sutilmente tocarem os meus...

Nos reconhecemos em nossos enganos ledos
E transformamos esse processo sem juízes nem réus
Nós, dois pagãos, sem templos ou credos

Provocando o amor, como quê brincando com Deus
Nos tratamos cerimoniosos e cheios de dedos
Mas querendo no poder do gozo subirmos aos céus...



João C. Lima.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

QUE TODOS OS DIAS SEJAM DE PRIMAVERA...

Que todos os dias sejam de Primavera
Mesmo sob chuva ou nublados, sejam coloridos
Que se propaguem além de suposta quimera
Deixando os dias harmoniosos e floridos...

Estar ao seu lado, sorrindo, quem me dera
Pra findar com esses dias inúteis e doridos
Mas nada será em vão depois dessa longa espera
Ao desabrochar o querer que aguçou nossos sentidos...

Vamos caminhar abraçados por alguma riviera
Que nossos sentimentos, de amor, sejam revividos
Na explosão dessas flores que na estação impera

Recuperar com paixão momentos outrora perdidos
Então, que todos os dias sejam de Primavera
Para o amor florescer em nossos corações escondidos...



João C. Lima.

GRIS...

Ao despertar, por si, a manhã dizia
Sob nuvens de um céu lúgubre e cinzento
Que traiçoeiro minha parca alegria subtraía
Estagnada num horizonte distante e nevoento...

Ainda não tirei a farpa atroz que feria
Meu coração por um torpe sentimento
Sem entender a sensação que me cingia
Nem a tristeza que rebusca cada momento...

E o Sol jaz incógnito nesse opaco dia
Na rua guarda-chuvas abertos em movimento
No espelho minha face pardacenta mal fingia...

Reflexos da paixão que nublou meu pensamento
Das ruínas das escolhas estúpidas a dor então se erguia
Enquanto o dia findava gris na rudez deste lamento...



João C. Lima.

sábado, 12 de setembro de 2020

ÁGUA E AREIA...

Ela caminha solitária
Pela praia
Enquanto o Sol desmaia
Anunciando o fim da tarde.
Nada é ou será como antes
Depois que a vi
De vestido branco, de alças
Descalça
Caminhando pela areia...
Solitária.
Ela que sorri pra si mesma
Brejeira
Deixando meu coração bobo
De novo acelerado
Como há muito tempo não fazia
Não sentia
Ou não sabia ser.
Ainda não sei, talvez nunca venha a saber
O que me reserva essa sua caminhada
Nem seu sorriso
Ou seu jeito de caminhar...
Quando a espuma das ondas
Toca seus pés descalços
Cobrindo-os com água e areia
Ela salta sentido frio nos pés...
Dá uma risada
Me fazendo rir...
Eu nada digo, em palavras
O que meus olhos por si revelam
Mais do que pude entender
Ou esconder...
O vento sopra desalinhando seus cabelos
Levantando seu vestido, de alças
Ela dá risada... Tão menina-mulher
Sem medo da onda de amor 
Que vinda do seu coração
Explode generosamente no meu.

E ela caminha pela areia da praia
Solitária...
Brejeira...
Com seu sorriso
Em seu vestido branco, de alças
E seu desejo a voar feito gaivota
Com seus cabelos em desalinho
Com sua pele coberta de sardas
Com seus olhos de paixão
E caminha...
Deixando marcas por onde passa
Com seus pés descalços
Delgados
Delicados
E cobertos de água e areia...



João C. Lima.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

TROVAS DE SAUDADE...

Sinto saudade
Das saudades que sinto
Saudade é maldade
Que com sorrisos finto...

Saudade é assim
Vem como avalanche
Debocha de mim
Faz com que eu me desmanche...

Não dá pra medir
Seu tamanho ou quantidade 
Só dá pra sentir
Que é saudade...

Saudade vem e vai
Como borboleta pelo jardim
É como a chuva que cai
Ou a tarde chegando ao fim...

Como as ondas do mar
Tocando a areia dourada
Saudade é coisa sem par
Nos leva do tudo ao nada...

A saudade é tanta
De tantas coisas a saudade
Dá um nó na garganta
Rouba a pouca sanidade...

Saudade é cruel
Espezinha com o sentimento
Mistura mel com fel
Embaralha o pensamento...

Sentir saudade é bom ou ruim?
Me diga então o que devo fazer?
Carrego lembranças de onde eu vim
E de outras que eu queria tanto viver...

Saudade de ser criança
Do que foi ou do que for
Pra manter viva a esperança
De matar a saudade de um velho amor...



João C. Lima.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

NA NATUREZA DO SEU CORPO...

No mar dos seus castanhos olhos, posso até me afogar
No vulcão dos seus lábios corro o risco de me queimar
Na floresta do seus pêlos com certeza vou me embrenhar
Nos picos dos seus seios, com a afã quero escalar...

No lago do seu umbigo, quero com Oxum encontrar
Nas lágrimas da sua alegria, quero também me banhar
Nas encostas do seu sorriso, quero ser feliz sem pensar
Na planíce do seu abdômen quero serenamente deitar...

Nas dunas de suas nádegas, quero deliciado admirar
Na península de suas pernas, quero discorrer sem parar
No seu jardim pubiano, quero minha libido cultivar
Na gruta do seu sexo, quero do mundo me ocultar...

A geografia do seu corpo instiga meu desejo de explorar
Cada rio, lago, floresta, montanha, e todo seu ínitmo mar
Essa sua Natureza selvagem que vem a minha domesticar
Mas é na caverna do seu coração que sonho pra sempre morar...


João C. Lima.

sábado, 5 de setembro de 2020

DESASSOSSEGO (DECESSO)...

Quero deitar minha cabeça nesse relvado orvalhado e terno
Fechar os olhos e ouvindo a voz da Terra, finalmente descansar
Das atribulações desse anormal mundo real e moderno
De tudo que tem me roubado a paz e o desejo de sonhar...

Que esse último repouso se faça assim sublime e eterno
Quem sabe desse mar de tristezas alguém venha me resgatar
Pra estancar a sangria deste meu ferimento interno
Na iminência desta vida para todo sempre abandonar...

Me sinto muito triste e sozinho, por todo esse tempo tanto 
Mas tardiamente despertei e dessa verdade não desapego
Sequei por dentro de tanto verter o tal vil e turvo pranto

Que ao deitar nesse relvado aos céus sem noção peço arrego
Silenciosamente sinto o decesso me cobrir com o seu escuro manto
Até que o coração pare, libertando minha alma deste desassossego...



João C. Lima.

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

CONTANDO ESTRELAS...

Gosto de lugares remotos onde há pouca luz artificial
E os céus parecem mais amplos e suas nuances mais belas
Onde luzes celestiais brilham e rebrilham intensamente ao seu natural
Encantando os olhos impuros com suas miríades de estrelas...

Aqui no interior do interior desta distante cidadela
Em que à noite se pode ouvir o som do rio sinuoso e gutural
Ou os sons dos inúmeros animais em que a noite escura vela
Como se o mundo inteiro fosse um único e imenso quintal...

Aqui onde posso ficar olhando as estrelas no infinito
Quase todas, tantas quantos o meu olhar puder alcançar
Sob o veludo deste céu azul escuro estranhamente bonito
Volto a ser criança quando me pego as estrelas, a contar...

Reconheço entre elas, algumas constelações e planetas
Tão vivas em meus sonhos de infância de viagens espaciais
Quando me via navegando na cauda de velozes cometas
Ou singrando pelo vazio do espaço tão sozinho quanto em paz...

Sem perceber passo horas a fio, olhando as estrelas no firmamento
E imaginando em qual delas, ao fim desta vida, irei morar
Nessa profusão de sensações que transformam o sentimento
De estar a esta hora aqui, longe de tudo, neste outro lugar...

A noite passa dando sua vez às profundezas da madrugada
Enquanto as estrelas mudam de posição em sua dança sutil
Diante delas me sinto tão pequeno, ínfimo, um quase nada
Mas a salvo desse mundo tão frio, sem graça e hostil...

Abro os braços desejando apaixonadamente abraçar todas elas
Sinto que o mundo ao meu redor em seu carrossel vai girando
Chego a vislumbrar o último brilho furtivo de algumas estrelas
Enquanto a luz do Sol vem suavemente o véu noturno desmanchando...



João C. Lima.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

ENIGMÁTICA BELEZA...

Ela é bela, sim, ela pode até achar que não...
Mas sua beleza transcende o físico, quiçá o tempo
E não falo só daquela pragmática beleza do coração
Ela passa nas feições algo forte, um sentimento
Que supera qualquer resquício de razão
E que se perpetua vivamente em meu pensamento...

Ela é bela, sim, ela pode até achar que não...
De uma beleza exótica, algo assim quase inexata
Como se misturassem paisagens da Itália com as do Japão...
Que me roubam do raciocínio qualquer lógica imediata
Posso ler em seu semblante uma dissonante solidão
Mas que seus sonhos de um verdadeiro amor, não mata...

Ela é bela, sim, ela pode até achar que não...
Uma beleza forte e frágil que me confunde e seduz
Que sem perceber me resgata da minha própria escuridão
Uma força que todo bem querer regenera, uma luz
Algo que de tão sublime, não reconhece a própria imensidão
Quando pelos caminhos da esperança, vem e conduz...

Ela é bela, sim, ela pode até achar que não...
Uma beleza que se faz plena e sutil, como a Natureza
Domina o ambiente, carrega meus olhos de paixão
Faz o amor renascer assim... Com tamanha leveza...
Que quando penso nela, caminho sem tocar no chão
Na ânsia pueril de guardar, só pra mim, sua enigmática beleza...



João C. Lima.

sábado, 29 de agosto de 2020

PEGAR NA SUA MÃO...

Pegar na sua mão
Eu quero...
Pra aquecer a minha
Espero
Enquanto a gente caminha...

Pegar na sua mão
Eu sonho...
Tão pequena e delicada
Proponho
Aquecê-la do frio da madrugada...

Pegar na sua mão
Eu preciso...
Entrelaçando nossos dedos
Indecisos
Quando sentirmos certos medos...

Pegar na sua mão
Eu vou...
Pra sentir a pulsação do seu ser
Restou
Muito mais que um suposto prazer...

Pegar na sua mão
Eu espero...
E que eu possa mostrar o quanto sou
Sincero
E que pronto para você agora estou...

Pegar na sua mão
Eu desejo...
Pra dizer nestes meus versos rasos quanto sutis
Almejo
Eu possa ao seu lado ser e te fazer feliz...



João C. Lima.

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

FLOR...

Ela é assim, flor que desabrocha quando sopra o vento
Nessas noites frias como tantas noites invernadas
Vem sorrateira e invade por inteiro meu pensamento...

Ela é assim, flor que perfuma o ar quando nasce a Lua
Nessas noites claras como tantas noites enluaradas
Vem sorrateira e invade minha cama quente e nua...

Ela é assim, flor que colore quando meus sonhos são sem cor
Nessas noites belas como tantas noites encantadas
Vem sorrateira e invade meu corpo transpirando amor...

Ela é assim, flor que despetala quando se faz a solidão
Nessas noites solitárias como tantas noites instadas
Vem sorrateira e invade as cavernas vazias do meu coração...

Ela é assim, flor que brota quando nada mais consegue resistir
Nessas noites vazias como tantas noites desabitadas
Vem sorrateira e invade minha alma me fazendo existir...

Ela é assim, flor que permanece quando quase já não sou
Nessas noites longas como tantas noites eternizadas
Vem sorrateira e invade minha vida quando sem nada estou...

Ela é assim, flor que nasceu para ser amada por mim
Nesta noite e em tantas outras noites tão esperadas
Vem poderosa e domina tudo, pois sabe que dela sou, até o fim...



João C. Lima.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

ENTREGA...

Não é fácil assim
Entregar um coração tão dorido
Pra quem já chegou tantas vezes ao fim
E viu a razão quase perder o sentido...

Falar que o amor veio enfim
Como se ele fosse algo proibido
É como te oferecer pedaços de mim
E não sentir o meu corpo ferido...

Mas não há como negar
E esse sentimento o coração não nega
Faz minha alma transpirar...

Vem abruptamente sutil e me pega
Deixemos, então o medo naufragar
Para nos atermos somente, a nossa íntima entrega...



João C. Lima.

domingo, 23 de agosto de 2020

SOB O LUAR...

O amor vem e bate na porta como o vento
No meio da noite me fazendo acordar
Na mera ilusão de ter visto seu movimento
Por algum momento sob o luar...

O amor vem e cintila nos olhos como um reflexo
Me fazendo só os traços do seu rosto enxergar
Na mera ilusão de ter visto teu olhar perplexo
Por algum momento sob o luar...

O amor vem e gruda nos lábios como um beijo
Me fazendo querer sua boca outra vez provar 
Na mera ilusão de ter visto seu sorriso de desejo
Por algum momento sob o luar...

O amor vem e penetra nos ouvidos como uma canção
Me fazendo sua voz sussurrante escutar
Na mera ilusão de ter visto desmanchar a solidão
Por algum momento sob o luar...

O amor vem e atravessa minha pele e ossos
Me fazendo seu corpo por inteiro desejar
Na mera ilusão de ter visto os sonhos nossos
Por algum momento sob o luar...

O amor vem e rouba nossas almas
Me fazendo diante da fé duvidar
Na mera ilusão que nossas vidas transitem calmas
Por algum momento sob o luar...

O amor vem e se instala no coração
Me fazendo novamente em algo acreditar
Que juntos podemos vencer com a força da paixão 
Para todo sempre sob o luar...


João C. Lima.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

DE PARTIDA...

Estou partindo...
É assim que há muito me sinto
Indo, saindo, pra longe daqui
Pra outro lugar... Distante infinito...

Preciso partir...
Sei que pouco tempo ainda me resta
Levo na mochila as saudades
Mas só de quem e do que realmente presta...

Vou agora...
Com minha calça jeans surrada
E meus tênis mais velhos que o tempo
Corroídos pelo pó de tanta estrada...

Parto...
E levo todas essas lembranças comigo
Além de uma estranha tristeza no olhar
Mas sem o adeus de um amigo...

Rumo...
Para onde ainda não sei, nem quero saber
Alguma coisa me impulsiona pra fora, adiante
Um sentimento invisível que não consigo entender...

Caminho...
Com medrosos passos... Passos que não são meus
De quem não quer ir, mas também não quer ficar
A espera de um último e longo adeus...

Choro...
E as lágrimas embotadas como o tempo
Se misturam a poeira da estrada, turvando a visão
Na percepção desse cruel sentimento..

Sigo em frente...
E não há porque parar ou desistir da caminhada
Deixo para trás quase nada e quase tudo
Vou despindo minha alma ao longo dessa estrada...

Não vou voltar atrás... 
Não há um porque nesse adeus nem despedida
Parto a passos lentos e com o coração na mão
Saio, mas fecho a porta... Na partida...



João C. Lima.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

NO FUROR DOS SEUS QUADRIS...

Seus movimentos me dominam como num mesmerismo 
E se fazem tão sensualmente sutis
Ultrapassando as raias de todo anacronismo
Tornando mais quentes momentos febris...

Nesse seu jogo cheio de segredos e erotismo
Em você quero morrer e renascer pra ser feliz
Abandono os exageros poéticos do meu lirismo
Sorvendo-a com beijos do calcanhar ao nariz...

Quando passa sua língua na minha orelha sem maneirismo
Chego a flutuar com as coisas desconexas que sussurrando diz
Fazendo acionar dos meus delírios e desejos, o mecanismo

Oferecendo desabrochada sua terna flor de liz
Rompendo no tempo-espaço as barreiras pueris do romantismo
Me envolvendo tímida e sedutora no furor dos seus quadris...



João C. Lima.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

PELA VIDRAÇA...

Vejo pessoas andando e carros trafegando pelas ruas
Vejo um Sol preguiçoso acima dos arranha-céus
Vejo árvores, praças e uma cidade que são duas
E meus sonhos que se perderam entre luzes e breus...

Vejo nuvens pesadas tangidas por poderosos ventos
Vejo folhas secas e corpos sujos sobre as calçadas
Vejo a poeira perdida dos meus vãos sentimentos
E meus sonhos que se perderam em infinitas madrugadas...

Vejo cair as primeiras gotas de qualquer chuva fina e fria
Vejo as luzes mortiças dos postes antecederem a noite
Vejo refletir nas poças essa minha torpe elegia
E meus sonhos fazendo o coração bater como um louco açoite...

Vejo depois da chuva, a água passando ligeira rente ao meio fio
Vejo o sereno que chega e a névoa baixando sutil e serena
Vejo correr de mim a saudade como um turvo e caudaloso rio
E meus sonhos de partir daqui pra viver numa cidade pequena...

Vejo as almas que correm sem rumo no deserto cruzamento
Vejo meninas e meninos barulhentos em busca da adolescência tardia
Vejo em seus pueris espíritos algum perdido alumbramento
E meus sonhos que se desfizeram numa última alegria...

Vejo tantas coisas acontecerem ao mesmo tempo lá fora
Vejo um mundo louco que gira, enquanto bebo meu amargo café
Vejo partes do que já fui, partindo pra longe, indo embora
E meus sonhos mesclados entre a  descrença e a fé...

Vejo daqui que mesmo assim nada com certeza foi em vão
Vejo que na força desta emoção minha pouca visão embaça
Vejo que o sentir é doído neste meu solitário coração
E meus sonhos que perpassam através dos vidros desta vidraça...



João C. Lima.

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

SIMPLICIDADE...

Talvez nada tenha que ser tão abrupto e violento como tem sido
Situações que se fazem tão absurdamente inexatas e complexas
Tornando a vida um momento obscuro, cruel e dorido
Por múltiplas questões e tantas outras dúvidas anexas...

Porque tem se tornado tão árdua a tarefa de respirar?
De sorrir, de sentir, ser bom, honesto e sincero
De querer e fazer o bem, de cuidar, dar afeto e amar
Mesmo que por um instante indefinido e passageiro...

De pegar na mão um do outro, sem medo do contágio e sair 
Para ver pessoas nas ruas, e a luz do Sol tão boa, acolhedora e quente
Sentir o vento soprando no rosto... Conhecer outros lugares por aí...

Falar coisas bonitas e cantarolar canções que emocionam a gente
Não estar pronto e mesmo assim aguardar ansioso por um novo porvir
E viver a vida com intensidade, leveza e alegria, simplesmente...


João C. Lima.

domingo, 9 de agosto de 2020

ENSOLARADA...

O Sol da manhã se mostra sem brilho e ofuscado
Diante da claridade que você inocentemente produz
Se esconde entre nuvens, deixando o céu meio nublado
Enquanto sua luz natural tudo que alcança seduz...

Você que se faz ensolarada nessas manhãs claras e frias
E aquece nossos corpos num íntimo momento, solitários e nus
Faz derreter distantes saudades que se apresentam tardias
Abrindo cúmulos-nimbos e revelando céus muito mais azuis...

Você de branco contra a luz entre as cortinas balouçantes da janela
Tão sublime e bela, e intangível como o próprio ar...
Com uma caneca de café na mão e esse olhar que segredos enovela

Sorrindo assim misteriosa e brejeira, aquietando meu coração secular
Sua luminosidade colore ao derredor tal como deslumbrante aquarela
Vem do seu coração e aquece minha alma com o seu calor puro e solar...



João C. Lima.

sábado, 1 de agosto de 2020

MUSA AO POR-DO-SOL...

Imagino ali sua figura, delgada e poderosa
Em algum lugar do interior olhando o Sol crepuscular
Sua silhueta que se faz assim tão majestosa
E eu este poeta apaixonado a admirar...

O por do sol parece fazer uma reverência
À sua beleza tão exótica e delicada
E o tempo passa sem qualquer interferência
Enquanto sutilmente a tarde se esvai avermelhada...

Você tão calada olhando o horizonte se apagando
Enquanto te observo em silêncio, oh, encantada
Quero passar o resto da vida seu nome versejando

Como quem se declara eternamente à mulher amada
Mas antes que a noite impetuosa chegue enluarando
Declamando, te pergunto, quer ser minha namorada?



João C. Lima.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

NÃO SEI DIZER...

Não sei dizer se isso é amor
Mas como disse Vinícius, deve ser porque dói
Mas não lamento tanto pela dor
Mas pelo o que na alma esse sentimento constrói...

Não sei dizer se isso é paixão
Mas se tal fosse, seria furtiva e passageira
Mas mesmo assim bagunça o coração
Mas não da mesma forma que da vez primeira...

Não sei dizer se isso é amizade
Mas se tal fosse, não transbordaria em tanto desejo
Mas mesmo assim faria sentir tamanha saudade
Mas não essa vontade louca pelo seu beijo...

Não sei dizer se isso é ilusão
Mas se tal fosse desaparecia feito miragem
Mas mesmo assim não me afligiria tanto a solidão
Mas não me faria procurar você em toda paisagem...

Não sei dizer o que tenho sentido
Mas se tal fosse não sentiria desse jeito por você
Mas mesmo assim o sentimento em tudo se faz dividido
Mas no fundo, sinto que é amor... Mas isso eu não sei dizer...


João C. Lima.