Lentamente, ele vem chegando, soprado pelo vento soturno...
Trazendo em seu bojo chuvas e uma frente friaEscurecendo o céu da cidade, de diurno a noturno
Derramando em meu peito uma saudade tardia...
Ele se revela na cor das folhas que caem no chão
E nos galhos secos das árvores cinzas ou sem cor
Configura em meu ser qualquer perdida emoção
Ou algo que eu meramente chamei de amor...
E vai tomando conta da vida, assim em seu todo
Ao redor de cada pessoa que por essa rua passa
Brincando com a atmosfera, do seu jeito, ao seu modo
Enquanto na curvatura do céu sua presença ele traça...
Traz em mim tão doces e presentes lembranças
Da distante infância que um dia neste plano vivi
Pisando as folhas secas com pés descalços de criança
Sentindo o estalar das folhas, enquanto pulava a sorrir.
E ele vem tomando conta de toda cidade... e do país
Deixando no ar essa sensação única de aconchego e abandono
Nas árvores que se desmancham, sua essência ele diz
Que vem uma nova estação... que vem chegando o outono...Beijos e abraços enfeitiçados.