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domingo, 12 de dezembro de 2021

UM RENASCER DE AMOR...

Um amor nobre, tão doce e sereno
Que venha num vôo suave resgatar meu coração
Um amor tão doce e sereno, pleno
Pra vencer a vilania da tristeza e da solidão...

Um amor sutil, cheio de prazer e delicadeza
Que venha espalhando toda sua paixão ao vento
Um amor prazeroso e delicado, incontido na sutileza
Como do mar as ondas em seu contínuo movimento...

Um amor que venha minha alma rejuvenescer 
Eu que já vivi tantos sonhos e pesadelos de amor
Decidi que não quero ver o meu coração entristecer

Nem cultivar ou reflorir em meu peito jardins de dor
Ver dentro de mim o amor radiante renascer
Como um Sol que nunca mais vai se por...



João C. Lima.

domingo, 5 de dezembro de 2021

MOÇA DO CERRADO...

Quem é ela, que sem perceber faz meu coração acelerar?
Quando chega com sua doce e agreste beleza
Espalhando uma tímida sensualidade no ar
Seus cabelos soltos a se confundirem com a Natureza...

E seus olhos castanhos lagos onde certamente vou me afogar
Ou na sua pele de ouro morena, da mistura de raças toda riqueza
A seda dos seus rubros lábios que desejo com os meus tocar
Unindo o meu corpo ao seu, sem qualquer sutileza...

Quem é ela, que parece estar por onde passo, em todo lugar?
Eu que caminhava tão sem destino, para esse planalto fui destinado
Sem saber onde meus sentimentos iam por assim aportar...

Quando dei por mim, por seus encantos me vi encantado
Eu que a tanto tempo tenho me privado de com um amor sonhar
Sinto agora meu coração entrelaçado ao dessa moça do cerrado...



João C. Lima.

domingo, 19 de setembro de 2021

ASAS DA SOLIDÃO...

Nesta nebulosa madrugada...
Ouvi de asas um ruflar
Quando na varanda assombreada
A solidão serena veio pousar...

A Lua leitosa e amarelada
Entre nuvens noturnas a se esgueirar
Enquanto na varanda anuviada
A solidão silenciosa veio espiar...

Colhendo lágrimas do meu rosto 
Que escorreram cristalinas nesse chorar
Sentindo na boca o amargo gosto

De quando a tristeza vem me beijar
Transformando o viver em algo tosco
Com suas escuras asas vem me abraçar...



João C. Lima.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

MESMO SOB A MÁSCARA(SERENA VOLÚPIA)...

Mesmo sob a máscara, pude perceber seu sorriso
Ensolarando ainda mais esse dia tão solar
No brilho dos seus olhos nuances claras do paraíso
Num olhar tão claro e profundo quanto o mais claro e profundo mar...

Mesmo sob a máscara pude sonhar seus lábios perfeitos
Seus dentes brancos como se fossem caiados cercadinhos
A alvez da sua pele espalhando pelo ar coloridos efeitos
Enquanto suavemente a brisa toca, seus dourados cachinhos...

Mesmo sob a máscara pude sentir seu hálito de canela e avelã
E desejei o doce sussurrar da sua voz a preencher meus ouvidos
Dessa moça que se confunde sutilmente com a brancura da manhã...

Mesmo sob a máscara quero seus beijos sendo pelos meus acolhidos
Quando em delírios me deixo intimamente seduzir nesse afã
Mascarada paixão atiçando com serena volúpia meus sentimentos contidos...



João C. Lima.

domingo, 22 de agosto de 2021

PLANALTO...

A grama queimada crepita sob o Sol branco e cáusticante
Um vento que vem e sopra num misto de quente e frio
Nas edificações ao redor um tom gélido e exuberante
E meu coração que chora na imensidão desse vazio...

Um mendigo fuma crack deitado na escadaria íngrime e infinita
Enquanto um carcará dança desengonçado sobre os telhados
Meu olhar se desvia furtivo ao passar de uma moça bonita
E no asfalto escuro automóveis cruzam assim desembestados...

O ar de tão seco racha os lábios e ofende minhas narinas
Mas esse vazio das ruas é que me deixa incomodado e aturdido
Nessa cidade sem mar, morros, botecos ou esquinas...

Sigo aqui tão solitário quanto perdido...
Cumprindo sob os olhos de Ogum minhas tantas sinas
Pois mesmo quando derrotado, nunca me dou por vencido...



João C. Lima.

domingo, 15 de agosto de 2021

LONGE DA MENINA QUE NA FOTO ME SORRIA...

Aqui onde a escuridão da noite chega vadia
Enquanto no céu a Lua pálida flutua fria
Nesta estranha e distante Brasília
Longe da menina que na foto me sorria...

Aqui onde o frio da madrugada invade a rua vazia
Enquanto no céu o brilho da última estrela se perdia
Nesta estranha e distante Brasília
Longe da menina que na foto me sorria...

Aqui onde a claridade da manhã chega assim sem alegria
Enquanto o Sol desperta em meio a monotonia
Nesta estranha e distante Brasília

Aqui onde a solidão em meu coração faz moradia
Distante de onde venho e sem estar onde queria
Longe da menina que na foto me sorria...


João C. Lima.

segunda-feira, 31 de maio de 2021

DELICADEZA...

Orvalho acolhido entre as pétalas da flor
Neblina aveludada que cobre solene a estrada
Fim da tarde tingindo o céu com rubra cor
Breu da noite quando se percebe entre o tudo e o nada...

Chuva fina desmaiando sobre os telhados da cidade
Poeira dançando que a luz esmaecida ilumina
Lágrima denunciando terna e dolorosa saudade
Brilho do olhar de um amor refletido na retina...

Vento que sopra nas folhas provocando um farfalhar
Mar arranhando a areia da praia com viril sutileza
Nuvens singrando nos céus em seu lento navegar

Calor de corpos entrelaçados entre o erotismo e a pureza
Lábios tesos na pueril ânsia de enfim se encontrar
Permitindo refletir na tez da alma, tamanha delicadeza...



João C. Lima.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

VELHOS SOBRADOS...

Perambulo
Entre velhos sobrados
Abandonados
Talvez tão assombrados
Quanto eu...
Suas carcomidas fachadas
Tão velhas
E desgastadas
Mostrando que o tempo no tempo
Se perdeu...

Eu tão perto do fim
Busco nesses sobrados
Quem sabe sobras de mim
E perambulo
Tão nada, tão nulo
Entre os velhos sobrados
Um suspenso jardim...

Repletos de passado
E histórias tantas
Velhos sobrados
Com suas fachadas
Pichadas...
E seus vasos de plantas 
Em suas sacadas
Cheias de fuligem e pombos
Tristonhos assombros
Que a cidade 
Na sua velocidade
Se esqueceu...

Eu que ando tão sem um amor
Quanto sem rumo
Em meio ao meu caminho
Um tempo arrumo
Pra admirar esses velhos sobrados
Que estão por quase toda cidade
Num misto de desleixo
E saudade
Do que era antigo e se desfaz
De um tempo que no tempo
Não volta mais...



João C. Lima.

sábado, 17 de abril de 2021

SUAS LÁGRIMAS...

Dos seus olhos derramaram
Caíram tantas
Rios formaram
Encharcaram plantas...

Dos seus olhos marejados
Desceram cascatas
De tristezas inundados
Mortas fragatas...

Dos seus olhos a cor
Se desmanchou
Em dor...

Dos seus olhos, vazou
Para o mar, perdido amor
E me afogou... 



João C. Lima.

quinta-feira, 8 de abril de 2021

JURA DE AMOR...

Hoje cedo um halo de luz do Sol penetrou pela fresta da janela
Pra iluminar o semblante adormecido dessa mulher em flor
Seus cabelos embaraçados no travesseiro, tal castanha procela
Contrastavam com os lençóis de alvíssima cor...

As cortinas balouçavam quando o vento sinuoso tocava nelas
Ela acordando se espreguiçou ao som monocórdio do despertador
Abrindo seus olhos que são como amêndoas pintadas em óleo sobre tela
Me brindou com o seu sorriso sedutoramente acolhedor...

A caneca de louça, ainda fumegava quando entreguei nas mãos dela
Ao me beijar senti nos seus lábios do café todo sabor
Felizes dançamos pelo quarto, tal qual, cavaleiro e donzela...

E por instantes esquecemos as mazelas que o mundo quer nos impor
Ali ternamente abraçados, como um só, eu e ela
Numa troca de olhares fizemos, silenciosa, nossa jura de amor...



João C. Lima.

domingo, 4 de abril de 2021

LAJOTAS...

Depois da chuva, poças formaram ilhotas
Sobre o caminho de pedras que leva ao coração
Soltaram-se trancas, abriram-se portas
Mas a moça não disse, nem que sim, nem que não...

Depois da madrugada, o orvalho deixou suas gotas
Sobre o caminho de pedras que leva a paixão
Onde borboletas desvairadas voavam tontas
Como um coração descompassado na sofreguidão...

Depois da noite densa, ecoou o pisar de botas
Sobre o caminho de pedras que leva a solidão
Onde um anjo negro, com imensas asas tortas
Veio sentenciar o amor, a essa prisão...

Depois do por do sol, a noite desceu em cotas
Sobre o caminho de pedras que leva a desilusão
E sentimentos mordazes vieram como agiotas
Querendo emprestar ao mundo essa aflição...

Depois da ventania, nuvens se deslocaram soltas
Sobre o caminho de pedras que leva além da razão
Pensamentos confusos e palavras pouco doutas
Formaram no âmago, uma torpe canção...

Depois do verão, o outono trouxe o amor em compotas
Sobre o caminho de pedras que leva a outra estação
Por onde, a moça descalça caminha pisando em lajotas
Vindo enfim me encontrar, quiçá pra sempre, então...



João C. Lima.

quarta-feira, 31 de março de 2021

O SORRISO DE LUÍZA...

Quando ao meu redor tudo jaz inóspito e perdido
Quando os dias se fazem tão longos, confusos e gris
Quando extremistas e racistas ofendem com sua falta de sentido
Há uma doce razão que ainda me faz ser feliz...

Quando uma inundação de tristezas, afoga minha parca alegria
Quando a solidão me abraça com seu modo frio e desumano
Quando o encanto da vida parece perder a magia
Há um bálsamo que vem curar as feridas desse meu desengano...

Quando em devaneios, concluo que a este mundo já não pertenço
Quando a marca da desilusão fundo em minha alma frisa
Quando sigo por um caminho sem saber se é o fim ou o começo

O amor surge em meio as trevas e sutilmente sinaliza...
E na doce alvura dessa luz reconheço
Vindo pra me resgatar, o sorriso de Luíza...



João C. Lima.

QUANDO ELA GOZA...

Quando a rosa
Do seu sexo
Na glosa
Cor de rosa
Nesse anexo
Imperiosa
Desabrocha
Ao meu toque...

Que todo desejo
Num beijo
Provoque
Um tremor
Um choque
No ardor
A rosa
Licorosa...

Num turbilhão
Desse afã
Uma explosão
Em Aldebarã
Toda emoção
Luz da manhã
Sofreguidão
Festa pagã...

Olhos revirar
Alucina
Onda do mar
Mulher-Menina
A espraiar
Domina
Sob o luar
Divina!

Mãos
Embaraço
Galopa fogosa
Nos desvãos
Um só traço
Força misteriosa
Inunda o espaço
Quando ela goza...




João C. Lima.

quinta-feira, 25 de março de 2021

OUTONAL SAUDADE...

Hoje despertei, com a bruma da manhã a relva beijando
Depositando lágrimas de orvalho sobre o campo verdejante
Vi das árvores mais próximas folhas secas despencando
Como águas claras vertendo de um olhar lacrimejante...

E no meu peito desnudo apertou numa saudosa letalidade
De um tempo que com você sonhei, mas jamais vivi
Quando éramos amantes deslocados numa outra realidade
E deixamos na penumbra do quarto todo desejo eclodir...

De repente o vento quente empurra nuvens sob os céus azuis
Carregadas de loucos desejos, delírios e uma incontrolável vontade
De quando éramos como nuances do outono entre a sombra e a luz...

E nos despíamos sem medo ou pudor, numa ardente naturalidade
Hoje nos vemos distantes à mercê do tempo que nos conduz
Quando sorrimos e choramos na emoção de uma outonal saudade...



João C. Lima.

sábado, 13 de março de 2021

A RUA DE PARALELEPÍPEDOS...

Depois da chuva que caiu molhando a madrugada
Antes mesmo do Sol soberano sobre a cidade se anunciar
Sigo por essa vazia rua, em minha solitária caminhada
Tentando meus pensamentos soltos novamente reagrupar...

As luzes dos postes vão apagando lentamente ao chegar da alvorada
Caminhando vou ouvindo cada passo que dou pela rua ecoar
Como as maritacas em bando cruzam o céu em sua gritaria desesperada
Vou eu sem rumo ou direção e sem vontade de chegar...

Essa rua de tantas lembranças, de minhas muitas infâncias, talvez
Do jogo de bola, das pipas, dos piques, das meninas, do primeiro beijo
A cada passo que dou, sinto por dentro um passado que não se desfez...

De tempos bons onde a inocência se fazia presente, ignorando o desejo
Caminhando por esses paralelepípedos, volto ao passado outra vez
Entre sonhos perdidos e outros sonhos que ainda almejo...



João C. Lima.

segunda-feira, 8 de março de 2021

QUANDO A CHUVA PRINCIPIA...

Cinzentas nuvens vêm roubar o azul claro do céu
Um vento seco e quente sopra vigoroso e desnorteia
O mar escuro se agita em ondas cheias de fúria e fel
Enquanto um raio fulgurante pelos céus serpenteia...

Pessoas e pássaros fogem buscando onde se abrigar
Quando as primeiras gotas grossas das nuvens se desprendem
Logo se transformam numa forte enxurrada para tudo alagar
Ruas viram rios, praças são lagos, bairros inteiros enchem...

Parece que o mundo todo vai transbordar num só instante
Não há caminhos para ir, nem outros para voltar sequer
Os céus desabam numa torrente poderosa e constante...

E uma palheta gris detona as cores cobrindo os prédios no horizonte.
Então, lentamente a chuva vai diminuindo até por si se ater
Restando poças nas calçadas e um arco íris cruzando o ar feito ponte...



João C. Lima.

quinta-feira, 4 de março de 2021

PARA SER O SEU AMOR...?

Me diga moça dos olhos mongóis e negros cabelos
Como faço para tocar seu distante coração?
Seus lábios, seus seios, como faço para tê-los?
E tudo mais que for seu na palma da minha mão...

Me diga moça, da voz suave e mãos de pequenos dedos
Como faço para te revelar toda esta minha paixão?
Te contar tudo que sinto, quiçá até minúcias e segredos
Desde que você prometa me resgatar das sombras da solidão...

Me diga moça, do sorriso tímido e gênio forte
Como faço para amenizar em meu peito essa dor?
Se só sua presença pode cicatrizar dentro de mim este corte

Me diga moça, do corpo delgado feito os ramos de uma flor
Como faço para ser seu namorado, quiçá seu consorte
Como faço, moça, diga como faço, para ser o seu amor...?



João C. Lima.

quarta-feira, 3 de março de 2021

A VELHA JABUTICABEIRA...

Naquela mesma rua dos meus remotos tempos de menino
Havia uma antiga casa, com seu muro forrado por uma trepadeira
A provocar minha aguçada gula e desejo tão divino
Ascendia do jardim vertiginosamente uma majestosa jabuticabeira...

Juntava aos meus amigos, traçando nosso delicioso destino
Éramos tantos e nos multiplicávamos nessa pueril brincadeira
Então cada um incorporava um arisco e esperto felino
Pra escalarmos o muro atrás da nossa recompensa verdadeira...

Enquanto uns tiravam as frutas pretinhas nos troncos presentes
Outros vigiavam o dono da casa, sincronizados nessa tarefa brejeira
Depois sentados na calçada, devorávamos tudo vorazes e sorridentes.

Gozado como o passado nos chega assim de forma fugás e ligeira
Hoje no lugar da velha casa, há um moderno edifício, infelizmente
Onde meninos brincam no play e talvez jamais verão, uma velha jabuticabeira...



João C. Lima.

domingo, 28 de fevereiro de 2021

POR ENTRE OS DEDOS...

Entre minhas tantas tolices deixei escapar esse amor
Talvez por excesso de cuidados ou outros tantos medos
Troquei a ternura de um carinho pela rudeza da dor
E me fiz afundar num dos meus mais lúgubres segredos...

Sei que nunca mais vi um olhar tão cheio de candura e cor
E sofri como um idiota criando meus próprios degredos
Um amor não sobrevive só daquilo que o sentir supor
Como nem todos os enganos se fazem por si tão lêdos...

Vaguei por esse tempo, sem entender a falta desse doce ardor
Que deixei escapar como sempre repetindo meus torpes enredos
Hoje me atiro em busca dessa paixão seja do jeito que for...

Como as ondas aflitas do mar tentam se agarrar aos rochedos
Jurei para Deus, para o Diabo, ou para quem essa trama compor
Nunca mais deixar escapar um amor assim por entre os dedos...



João C. Lima.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

SUAS ILHAS...

As sardas em seu corpo são assim como ilhas
Onde naufragado de paixão venho ali me salvar
Trago do amor um oceano de maravilhas
Mas é na praia dos seus braços onde sonho me abrigar...

Minuciosamente exploro suas minúsculas ilhas
Em meu barco a velas impulsionado pelo vento de amar
Percorro pela enseada do seu colo essas trilhas
Numa viagem só de ida para nunca mais voltar...

Singrando as ondas insinuantes desse seu íntimo mar
Cruzando nossos sexos, como se fossem sensuais quilhas
Para que a nau do sentimento além do amor possa ancorar

Enquanto num maremoto de prazer em meus lábios fervilhas
Uno minha vida a sua, como o horizonte une o céu ao mar
Só para habitar o arquipélago do seu corpo, e viver em suas ilhas...



João C. Lima.

sábado, 20 de fevereiro de 2021

RUA DAS AMENDOEIRAS...

Nessa rua onde todo dia caminhando passo
Dos seus dois lados há frondosas amendoeiras
Nesse velho caminho que rotineiramente faço
Caminhando vou recontando minhas tantas besteiras...

Entre folhas secas e amêndoas caídas, meu rumo traço
Logo nesta cidade com tantas esquinas e ladeiras
Mas na minha curiosidade de poeta mal disfarço
Vou sempre por essa rua, rente as casas, com suas eiras e beiras...

É de manhã muito cedo e sigo assim no meu justo compasso
Caminhando vou repreendendo minhas tantas asneiras
Me vejo sobre essas folhas repousando o meu lúdico cansaço

Enquanto o vento varre levantando pensamentos e poeiras
Repito esse caminho, como quem repete um longo abraço
Só pra admirar essa rua e suas frondosas amendoeiras...



João C. Lima.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

ENQUANTO CHOVIA...

Enquanto chovia
O café ela sorvia
E pra mim sorria
Com doce alegria
Enquanto chovia...

Enquanto chovia
Ovos mexidos frigia
A gente se ouvia
Enquanto chovia...

Enquanto chovia
Longe uma coruja pia
A tarde a noite rompia
Enquanto chovia...

Enquanto chovia
Nossa conversa fluía
Como deliciosa melodia
Enquanto chovia...

Enquanto chovia
Carros passavam na via
A luz do poste acendia
Enquanto chovia...

Enquanto chovia
Meu coração pelo seu ardia
Sua boca na minha sentia
Enquanto chovia...

Enquanto chovia
Nossos corpos nus em harmonia
Gozando nessa sinergia
Enquanto chovia...

Enquanto chovia
Seus braços nos meus cingia
E o prazer nos envolvia
Enquanto chovia...

Enquanto chovia
Lá fora nada se via
Dentro de nós, o amor crescia
Enquanto chovia...



João C. Lima.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

INSÓLITOS PIERROT E COLOMBINA...

Nesse atípico Carnaval sem carnaval, mesmo assim
Vamos nós dois separadamente juntos num cordão sem fim
No imaginário desfile de nossos blocos, assintomáticos e sem enredo
Estranhos foliões solitários, travestidos de esperança e medo
Somos todos, somos muitos, de realidade fantasiados
Alucinados, tão sem rumo, de ilusão e dúvidas disfarçados
Com nossas máscaras brancas cirúrgicas ou coloridas de pano
Desrespeitando o desrespeito nesse festim desumano
Nesse carnaval do vírus matando e dos distanciamentos sendo burlados
Misturamos álcool em gel com confete, sem oxigênio ou cloroquina
Enquanto dia após dia muitos vão sendo entubados ou enterrados
Somos insólitos pierrot e colombina esperando pelo milagre da vacina...



João C. Lima.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

CIRANDA...

O vento furtivo veio e remexeu as folhas pela varanda
E a poeira brilhante dançou num facho vadio da luz do Sol
Ouvi seus passos curtos e alegres vindos nessa ciranda
Como o bater de asas dos pássaros em algum belo atol...

Peguei no ar todos os beijos que você tão louca me manda
E o seu cheiro gostoso e perene que impregna o meu lençol
Em seu jardim há borboletas balouçando entre os ramos de lavanda
Enquanto você cantarola lindas melodias em si bemol...

Em sua íntima dança na ponta dos pés você leve rodopia
Girando seus cabelos negros sob o zênite azul desse céu
Me envolvendo no calor terno de sua exuberante alegria

Afastando a maldade de nossas vidas e todo o seu fel
Seguimos assim bailando nessa nossa tão terna folia
Enquanto em meio a dança, sinto meus lábios em seus lábios de mel...



João C. Lima.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

NUANCES DO CORAÇÃO...

Quando me recolhi num canto qualquer do sentimento
E fiz um pacto secreto com a solidão
Veio ela, linda e sorridente invadir meu pensamento
E mexer fundo nas coisas que escondi no coração...

Quando pensei que seguiria só por algum tempo
Caminhando rumo ao vazio de minha própria imensidão
Veio ela, doce e carinhosa embaralhar meu pensamento
E soprar a poeira da tristeza que envolvia meu coração...

Quando um dia sequei minhas lágrimas ao sopro do vento
E pensei que nada iria me resgatar das águas da desilusão
Veio ela, sibilante e sensual, atiçar meu pensamento

E me atirar na fogueira da sua cama, com a fúria da paixão
Eu que pensei que não queria tão cedo outro envolvimento
Me vi num mundo por ela pintado, nas nuances do coração...



João C. Lima.

sábado, 30 de janeiro de 2021

LUA EMERSA...

É noite esplêndida de verão
Quando evaporamos sob um calor sepulcral
E vem a Lua assim iluminar a solidão
Deste poeta tão anárquico quanto imoral...

A Lua emerge entre nuvens na imensidão
Tornando meu padecer tão banal
Enternece as dolorosas batidas do meu coração
E ilumina minha vida assim visceral...

Tão redonda e leitosa é a Lua
Sobre a cidade que chora enquanto ri
Vem e clareia minha alma negra e nua

Recordando as trôpegas paixões que senti
Emergente no céu a Lua amarela flutua
Pra iluminar os amores que só em sonhos vivi...



João C. Lima.

TODO DE TUDO...

Todo desejo
Está em seu beijo
Todo querer
Vem de mim pra você
Todo abraço
Une os dois num amasso
Todo sentir
Vai além do porvir
Todo viver
Com você tem que ser
Todo futuro
É com você, eu juro!
Todo caminho
Sem você vou sozinho
Todo ardor
Em seu corpo o calor
Todo alvorecer
Quero ver com você
Todo partir
Juntos iremos ir
Todo amor
Sublima sequelas da dor
Todo de tudo
É juntos criarmos
Nosso próprio mundo...



João C. Lima.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

SEU NOVO CORTE DE CABELO...


Em seu cabelo um novo corte
Um jeito, trejeito
Picote
Um up grade no que é perfeito
Desse seu charmoso jeito
Feito.

Linda, até despenteada
Exótica, em ser
Fios e reflexos, iluminada
Aumenta o que for querer
Olhos ávidos em te ter
E me perder...

Seus mistérios, seus cabelos
Tê-los quero tanto
Entre os dedos, tocá-los, vê-los
Seduzindo nesse encanto
Turbilhão, no entanto
Seu cabelo místico manto...

Seu novo estiloso visual
Corte sexy, num aceno
Abalando meu emocional
Incendeia desejo o outrora sereno
Me faz vulgar, obsceno
Seu corte de cabelo, sutil veneno...



João C. Lima.



sábado, 23 de janeiro de 2021

AMAR OUTRA VEZ...

Ela chegou de repente não sei de onde
Com sua alvura e delicadeza sem fim
Pra me resgatar da escuridão em que o amor se esconde
E mexer com esse fogo fátuo que há dentro de mim...

Com seus gestos largos e pueris, responde
Seu sorriso brejeiro nesses lábios carmesim
Trazendo um beijo tão doce quanto fruta-do-conde
Pondo nesta minha solidão, quem sabe um fim!

Me deixo guiar pelas suas mãos delicadas e frias
Sinto sua alma penetrar na minha como há tempo se fez
Junto dela quero que nossos minutos se tornem dias

Pra misturar minha pele negra com a brancura da sua tez
Resgatando da minha tristeza tantas e renovadas alegrias
Ao sentir o que é amar outra vez...



João C. Lima.

domingo, 3 de janeiro de 2021

NAS PÉTALAS DE QUALQUER FLOR...

Busco o seu amor nas pétalas de qualquer flor
Pois só esse sentir pode afastar o fantasma da dor
Que suas pétalas sejam de toda e qualquer cor
Das flores de algum campo ou do menor jardim que for...

Busco nas pétalas de qualquer flor o seu amor
Pra que venha e tire de mim, o que a tristeza impor
Reflorindo a paixão, mais do que o sentido supor
Espalhando pelo ar o seu inebriante odor...

Pois só o amor verdadeiro, pode ser vassalo e senhor
E se esconder no orvalho retido nas pétalas de qualquer flor
Brilhando até que o Sol ao fim do dia venha se pôr...

Pra encontrar no misterioso brilho da Lua o seu novo fulgor
Enquanto em minha ânsia de poeta, delirante escrivinhador
Busco o seu amor, nas petálas de qualquer flor...



João C. Lima.