Vejo as folhas secas
Sopradas na madrugada
Tristes folhas
Sem vida, sem cores, sem nada...
Na varanda abandonada
Parecem emoções perdidas
Ao longo dessa estrada
De percepções aturdidas
Sem vida, sem cores, sem nada...
Folhas secas solitárias
Como tenho vivido e sou
Na manhã descortinada
Sou só restos do que restou
Folhas secas solidárias
Me fazem companhia
Onde vou...
Folhas secas
Foram sopradas
Pelo vento vadio da madrugada
Junto com a poeira do pensamento
Da insônia fez morada
Como eu falso poeta
Que versos torpes arquiteta
Como folhas secas caídas
Não há retorno
Só partidas...
Folhas secas como eu sou
Sou só restos do que restou
Folhas secas sopradas
Na madrugada
Sem vida, sem cores, sem nada...
João C. Lima.