Digo e tenho tentado, como sempre tento e digo
Desprender-me de tantos e aleatórios sentimentos
Eu que tenho caminhado só, sem uma paixão ou amigo
Por meus interiores lugares e por íntimos momentos...
E se desprendo do meu corpo, minha carcomida alma
Dos meus dedos vão-se todos os possíveis anéis
Troco minha contida fúria, por uma incontida calma
E o som renitente de minha voz, pela paz de nenhum decibéis...
Jogo ao limbo alguns antigos e infelizes amores
A chorar lágrimas do passado no presente me nego
Nem sentir no peito aquelas mesmas e repetidas dores...
E se o desejo e a fé, em meu coração embargado ainda carrego
Então troco o breu da noite pela luz da manhã e suas cores
E sinto crescer em mim, a intensidade serena desse desapego...
João C. Lima.