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quinta-feira, 30 de julho de 2020

NÃO SEI DIZER...

Não sei dizer se isso é amor
Mas como disse Vinícius, deve ser porque dói
Mas não lamento tanto pela dor
Mas pelo o que na alma esse sentimento constrói...

Não sei dizer se isso é paixão
Mas se tal fosse, seria furtiva e passageira
Mas mesmo assim bagunça o coração
Mas não da mesma forma que da vez primeira...

Não sei dizer se isso é amizade
Mas se tal fosse, não transbordaria em tanto desejo
Mas mesmo assim faria sentir tamanha saudade
Mas não essa vontade louca pelo seu beijo...

Não sei dizer se isso é ilusão
Mas se tal fosse desaparecia feito miragem
Mas mesmo assim não me afligiria tanto a solidão
Mas não me faria procurar você em toda paisagem...

Não sei dizer o que tenho sentido
Mas se tal fosse não sentiria desse jeito por você
Mas mesmo assim o sentimento em tudo se faz dividido
Mas no fundo, sinto que é amor... Mas isso eu não sei dizer...


João C. Lima.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

LUXÚRIA...

Éramos tão comedidos em nossas conversas formais
Em meio a tantas palavras, cafés, canções e poesias
Nem imaginávamos esse turbilhão de desejos carnais
Que nos levaram da morna realidade às febris fantasias...

De repente num furtivo beijo incendiaram-se labaredas
Foi tão rápido e surpreendente que a razão nos perdeu
Boca na boca, mãos nas mãos, explorando sensuais veredas
Onde meu corpo se misturou ardente a ardência do corpo teu...

E na penumbra daquele quarto, naquela noite diferente
Enchemos o ar de cio e sedução, poucos sons e muito prazer
Nos redescobrimos em nossa ferocidade infrequente
Sem termos tempo para pensarmos em tempo para perder...

Como não ter entre meus lábios dos seus seios os bicos tesos
Ou sentir você beijar meu pescoço suavemente e sem qualquer embaraço
Nossos corpos colados, um ao outro atados, tão livres e presos
Transformando a cama numa espaçonave e o quarto num ponto do espaço...

E nos aprofundamos nessa alucinante viagem de descobertas
Como certas partes de você que jamais imaginei intimamente tocar
Nos embaraçamos em seus cabelos, lençóis e coloridas cobertas
E nos afogamos como náufragos tendo a volúpia como mar...

Seus perfumes naturais invadiram meus poros e narinas
E a mistura de nossos suores nos fizeram por instantes trocar de cor
Entre suas pernas um caminho de sensações tão cristalinas
E ao nos atrelarmos nesse êxtase esquecemos qualquer dor... 

Nos perdemos e nos encontramos entre, beijos inebriantes
Pois, sem percebermos, viramos o quarto de ponta a cabeça 
Quando deixamos de ser amigos e nos vimos amantes
Gritamos para que o mundo lá fora então nos esqueça!

Depois do último gozo, daquela batalha sem cansaço ou labor
Não há em nossos olhares e voz qualquer tom de lamúria
Nossa voracidade foi além do que pueris podemos supor
E nada restou do mundo... Só nós dois... E no ar toda luxúria...


João C. Lima.

domingo, 26 de julho de 2020

CORAÇÃO ANDALUZ...

Aqui onde a Natureza exuberante o tempo emperra
E o frio desce entre nuvens brancas e azuis
Onde o vazio da solidão em mim se encerra
Me pondo tão perto da espada e tão longe da cruz...

Aqui onde à distância minha visão turva erra
E o Sol me abandona num último facho de luz
O sereno lentamente repousa sobre a úmida terra
E a tristeza sem rodeios poderosa me seduz...

Não há nada além desse sentimento que me enterra
Onde será que minha vida desordenada eu pus?
Na certeza vã de quem pouco acerta e muito erra

Ainda creio numa força invisível que me conduz
Longe da turbulenta cidade, bem aqui no alto desta serra
O amor é que mantém vivo, este meu coração andaluz...


João C. Lima.


sábado, 25 de julho de 2020

PÉTALAS DE GIRASSOL...

Ela é o inverso de um girassol
Faz o Sol girar louco atrás dela
Corre solta no céu, ofuscando o arrebol
E com seu sorriso o crepúsculo desmantela...

Ela é um girassol ao inverso
Faz atrás dela o Sol louco girar
Ilumina cada ponto do meu universo
E depois se esconde tímida atrás de algum mar...

Eu a quero tanto pra iluminar minha vida
Com sua presença mais quente e clara que o Sol
Vem alegrar esta minha alma entristecida

Espalhando sementes em meu árido atol
Reflorindo toda paixão outrora perdida
Revivendo o amor em suas pétalas de girassol...


João C. Lima.


segunda-feira, 20 de julho de 2020

TOCAR VOCÊ...

Quero tanto tocar suas mãos
E as linhas suaves do seu rosto
Explorar seu corpo, seus secretos vãos...
Sentir da sua boca o agreste gosto.

Quero tanto tocar seus escuros cabelos
E nesse afã entrelaçar nossos dedos
Beijar com luxúria seus íntimos pelos
E num longo abraço exorcizar nossos medos...

Quero tanto ser um só com você...
Com o afeto dos meus olhos tocar seu olhar
E sentir seus sussurros no auge do prazer

Quero tanto ir com você pra qualquer lugar
Na batida dos nossos corações ver a vida renascer
Quando imersos nesse amor a gente se tocar...



      João C. Lima.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

SEU TRISTE OLHAR...

Seu olhar triste
Parece conter
Toda tristeza que existe
No ar...
Nas lágrimas, como cascatas
Se mostram assim, inexatas
Como as ondas de um outro mar...

Mesmo que meu olhar despiste
Desse brilho exótico 
Que seu olhar emite
Assim sem parar...
Fico magnetizado
E sou num flash transportado
Para um distante lugar...

E se busco consolar o seu choro
Em minha ânsia
Sem perceber demoro
A compreender...
Que seu lacrimejar orvalhado
Tornou o céu azul nublado
E tristonho como você...

Em sua íris mesmo sem saber nadar
Cegamente mergulho
Buscando intempestivo decifrar
Sua melancolia...
Que atinge meu coração e comove
Se retém na manhã e à noite se move
Em meio a dor que ao mundo irradia...

E mesmo aqui onde me tenho distante
Sinto a mira do seu jeito de olhar
De sentimentos um misto conflitante
Outra viagem...
Onde atravesso seus afãs mais profundos
Na diversidade dos seus secretos mundos
Absorvendo sua miragem...

Quando o último luar se fizer refletir
Revelando sua mística visão
Entre as estrelas a refulgir 
Numa luz de rudeza sem par...
Vou continuar minha insana saga
Até que meu olhar seja uma vaga
Estarei a buscar a razão desse seu triste olhar...


João C. Lima.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

CONECTADOS...

A luz do Sol matutino penetra solene pela janela
Rompendo o nosso sono e a penumbra deste quarto
Nos lençóis brancos jaz o corpo moreno dela
E no ar que respiramos o cheiro do sexo é farto...

Nos tocamos e espreguiçamos com a indolência dos amantes
Que não querem por um segundo sequer ter se distanciado
E brincamos com o tempo, tão pueris, leves e arfantes
Como se o mundo lá fora, à nossa espera, tivesse parado...

E gargalhamos rolando na cama, esquecemos a pressa desta pululante cidade
Ficamos a olhar um dentro do outro, por instantes, sem medos passados
Sentindo essa energia que preenche nossos corpos, como pura eletricidade...

A nos manter assim ardentes e desse tanto prazer inebriados
Não há tempo para solidão, tristeza, dor ou saudade
Pois quando não nossos corpos, são nossos espíritos conectados...


João C. Lima.






domingo, 12 de julho de 2020

ALGUM LUGAR BOM PRA ACENDER LAREIRA...

Vamos? 
Você e eu...
Para algum lugar
Muito acima do mar
Itatiaia 
Penedo...
Ou Visconde de Mauá?
Para tomarmos um vinho 
Ou uma cachaça de rolha
Ficarmos na varanda
À noite
Esperando o frio...
Sob um céu estrelado
Enrolados num edredom
Cantando sonhos
Catando lembranças
Contando histórias
Da vida...
E do tudo que lá fora encerra
Cachoeiras de Macacu
Lumiar
Ou São Pedro da Serra?
Pra darmos gargalhadas
E chorarmos juntos
Pra sorrirmos sem motivo
Por motivos muitos
Ou pra ficarmos em silêncio
Lendo nossos pensamentos
De gorros e meias coloridas
E nos aquecermos
Com abraços e beijos.
Sem medos ou amarras
Miguel Pereira
Ou Araras?
Deixar o sereno baixar
O frio da noite penetrar
Esfriando o mundo
Menos este chalé
Onde nossos corações
Batem acelerados e quentes
Se unem sutilmente
Eu e você
Petrópolis
Nova Friburgo
Ou Terê?
Sim, 
Sair pra longe daqui
Só nós dois numa viagem pra distante de tudo
Deixarmos pra trás toda dor traiçoeira
Irmos de vez por essa estrada sem pensar
Para algum lugar bom pra acender lareira...


João C. Lima.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

EXÓTICO OLHAR...

Do seu exótico olhar colhi mistérios
Castanho mar ou um rio sem fim
Que me fita por vezes frio e sério
Outras com a doçura de um querubim.

Mistura fascinante de tantos mundos
Em seu olhar tento em vão decifrar
Segredos mutantes, abstratos, profundos
Múltiplas coisas vi, mas não consegui explicar.

Mesmo contendo segredos, seu olhar descobri
Sem medo deparei com um universo sem par
Sonhos e paixões em sua imensidão percebi

E uma energia pungente por revelar
Arrastado pela força desse olhar, me senti
Como as águas de um rio correndo pro mar ...


João C. Lima.

domingo, 5 de julho de 2020

FRESTAS...

Há frestas nas janelas e nas portas desta casa
Por onde na madrugada passa sorrateira a friagem
Tentando esfriar meu coração ainda em brasa
Sequela da sua meteórica passagem...

Há frestas no forro desta velha casa
Por onde passam halos de luz do Sol e da Lua
Pra iluminar esse resto de emoção tão rasa
Ou a sombra da sua presença seminua...

Há frestas nas cercas ao redor desta casa
Por onde as flores coloridas seus galhos insinuam
Reconto as horas pra conter o tempo que nunca atrasa
Enquanto nossos lúdicos afãs no jardim flutuam...

Há frestas nos pensamentos que habitam esta casa
Por onde minam nossos segredos mais obscenos
Expondo parte daquilo que nosso sentir embasa
Na explosão tranquila dos nossos dias amenos...

Há frestas nas palavras que ecoam nesta casa
Por onde dissemos o muito e o pouco de tudo
Palavra é um petardo que com o sentimento arrasa
Mas destruímos mais quando um de nós permanece mudo...

Há frestas nos olhos que se encerram nesta casa
Por onde a pueril visão a realidade não quis enxergar
Estejamos no Rio, Istambul ou Kinshasa
Os escombros dessa relação estão em todo lugar...

Há frestas nos vultos que assombram esta casa
Por onde nossos fantasmas interiores vem e vão
Mesmo quando gritamos, o medo não se extravasa
Nem na amaldiçoada presença dessa paixão...

Há frestas nos corações que pulsaram nesta casa
Por onde se infiltrou o sentir de cada momento
Toda vida que vivemos nem a distância defasa
Hoje somos frestas deixando passar, restos de um sentimento...


João C. Lima.

quinta-feira, 2 de julho de 2020

PRA ILUMINAR QUALQUER DIA GRIS...

Neste dia em que a manhã ainda não nasceu
E o Sol bobo se escondeu
O desejo me transportou até você
Quando o amor ao chamado respondeu
Uma nova chama no meu coração acendeu
E eu saí pra te encontrar impelido pelo querer.

Nuvens cambaleantes dançam ofuscando o Sol
Enquanto meu pensamento é um distante atol
Longe demais até pra eu me alcançar
Se o frio da noite nos cobrir com seu lençol
Buscaremos a luz do astro-rei num girassol
Ou no calor que emana da nossa troca de olhar...

Esse dia cinzento me causa certa agonia
Eu que tenho andado tão distante da alegria
Quero saber logo quando você vem...
Para que eu possa te dizer tudo que meu peito escondia
Trocar o fosco da tristeza pela clareza da euforia
Afastando todo mal com seu bem.

A manhã passa... A tarde vem... A noite cai
E o brilho do seu olhar do meu não sai
Ou eu que não consigo parar de te ver
Com essa luz que te ilumina onde você vai
E que neste dia nublado me guia e atrai
Pelo imensurável sonho de um dia te ter...

O tempo não pára sob as cinzas desta elegia 
O Sol ofuscado dá lugar a uma Lua arredia
E você estende a mão dizendo que quer ser feliz...
Nos olhamos nesta nossa silenciosa simetria
Mesmo sem luar nesta noite ou Sol no outro dia
Nosso encontro há de iluminar todo e qualquer dia gris...


João C. Lima.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

NUA...

Nua...
Sua silhueta contra a luz branca da Lua
Entre travesseiros amassados e lençóis
Os bicos eretos e róseos dos seus seios
Como a apontar meus devaneios
Feito a luz de mil faróis...

Nua...
Seu corpo delgado que arfante sua
Gotas de prazer sobre tudo que for meu
Sua boca na minha boca, avassaladora
Me faz um refém sob o domínio seu
De forma única e arrebatadora!

Nua...
A explosão do nosso gozo acorda a rua
Nesse embate estrondoso da volúpia nesse quarto
Nossas línguas que se transformam em só uma
Nosso querer de tardios desejos tão farto
Enquanto o cio da  noite para a madrugada ruma...

Nua...
Misturamos nossa carne quente e crua
Como se fossemos a descrença e a fé
E sentimos ao redor o ar em ebulição
Instintos primitivos de homem e mulher
Nessa nossa quase perfeita comunhão...

Nua...
Seu corpo pequeno que na cama flutua
Quando atingimos no deleite o cume
Transcendemos o que restou do tempo e do espaço
Alcançamos das estrelas seu vasto lume
Para renascermos entrelaçados num abraço...


João C. Lima.