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domingo, 22 de novembro de 2020

IRREMEDIAVELMENTE...

Ela toma seu café olhando a chuva que cai lá fora
E as gotas que escorrem contraluz colorindo a vidraça
O vapor quente da caneca na umidade do ar evapora
Enquanto a simbiose entre nós qualquer silêncio ultrapassa...

Ela sorri, sibilando palavras como quem versos decora
Ao mesmo tempo que uma terna sensação nossas almas abraça
Mal contemos o tamanho do bem querer que nos devora
Deixando que a costura do destino nossa vida refaça...

Com as duas mãos ela segura a caneca de café ainda quente agora
Olhando a chuva caindo vigorosa e lenta, que lá fora não passa
Deixamos qualquer dor do passado as águas da chuva levar embora

Como o calor do nosso sentimento que o ar ao nosso redor embaça
A necessidade de se viver no presente o que deixamos escapar outrora
Na linha tênue que a emoção entre nós dois irremediavelmente traça...



João C. Lima.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

ABANDONO...

Sinto-me folha caída na calçada
De uma árvore de um outro outono
Sou nuvem de chuva ao vento carregada
Viralata procurando um dono...

Sinto-me estrela solitária na madrugada
De um céu de um outro outono
Sou bruma densa sobre a estrada
Outra noite em claro, sem sono...

Sinto-me rua deserta e enluarada
De uma cidade de um outro outono
Sou o lamento de uma alma penada
Um tristonho Diabo em seu trono...

Sinto-me onda se arrastando na areia dourada
De uma praia de um outro outono
Sou tempestade que se anuncia numa trovoada
Um por do Sol na Praia do Forno...

Sinto-me desse tudo um quase nada
De uma vida que passou como outro outono
Sou uma nesga de emoção pela memória tragada
Que vai vivendo e revivendo em seu próprio abandono...



João C. Lima.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

SOLIDÃO EM MIM...


Quando menos espero, ela vem por dentro e me abraça
Minhas entranhas, alma e um combalido coração
Sorri num silêncio mórbido que me despedaça
Mas me consola quando choro sozinho na escuridão...

Acompanha meus passos, enquanto o tempo perpassa
Nessa estrada da vida onde amores perdi na desilusão
Com sua lâmina fria, meu peito mortalmente transpassa
E me abandona moribundo, entre o rancor e a paixão...

A dor que carrego é a mesma que há tempos meu destino traça
E nesse caminho ela está como sempre a estender sua mão
Nesse arremedo de amor que sinto e até em sonhos fracassa

Revelando que muito do que vivi não passou de ilusão
E me rendo quando a angústia o limite ultrapassa
Então, vem e me abraça, a solidão... 


João C. Lima.

domingo, 8 de novembro de 2020

SONS DO SILÊNCIO DA NOITE...

É no silêncio da noite escura
Que certos sons se permitem ouvir
Como passos solitários de quem procura
Um outro coração solitário para interagir...

O som de uma oração ou de um momento de tortura
Ocultos sons que dos porões sombrios vêm emergir
Gritos de brigas ou de jovens fazendo loucuras
Ou sussurros de prazer impossíveis de distinguir...

O vento que geme entre as frestas da velha fechadura
Ou o barulho da chuva na vidraça a espargir
O som de um sax tocado com maestria na embocadura

Ou de um tiro perdido sem seu alvo atingir
Um choro compulsivo por um amor que se fratura
Sons que só no silêncio da noite, se permitem ouvir...


João C. Lima.

sábado, 7 de novembro de 2020

ESTAR COM VOCÊ...

Quero estar com você...
Que é tudo que posso querer
Pois não há nada que eu queira mais
Segurar suavemente na minha a sua mão
Derramar a emoção dos meus olhos nos seus
Na timidez do seu sorriso encontrar a paz
No calor do nosso abraço, a mais pura emoção
Esquecendo toda dor de um velho adeus...
Não percebermos passar o tempo, dia e hora
Sentirmos juntos fluir tudo que nos der prazer
Pra sermos como um só, eternamente neste agora
Quero simplesmente estar com você...



João C. Lima.

domingo, 1 de novembro de 2020

TROVAS DO ABRAÇO...

Quero apenas os seus braços
Ao redor do meu pescoço
Ocupando meus espaços
Causando secreto alvoroço...

E nesse abraço quente e tranquilo
Ficarmos enroscados do tempo além
Em nosso amor em sigilo
Acima do mal e do bem...

Sentir um do outro o corpo firme
Bem junto o seu no meu
Nesse afã que nos imprime
A esquecer o que doeu...

Pra nos abraçarmos sem motivo
Qualquer motivo a gente inventa
E sentirmos um no outro vivo
É onde o querer se alimenta...

Um abraço tão terno e forte
É tudo que mais precisamos
Pra viver a vida e driblar a morte
Abraçados nos amamos...

E vamos ficar assim 
Como um nó sem desatar
Somos começo sem fim
Neste prazer de abraçar...



João C. Lima.