Sinto-me folha caída na calçada
De uma árvore de um outro outono
Sou nuvem de chuva ao vento carregada
Viralata procurando um dono...
Sinto-me estrela solitária na madrugada
De um céu de um outro outono
Sou bruma densa sobre a estrada
Outra noite em claro, sem sono...
Sinto-me rua deserta e enluarada
De uma cidade de um outro outono
Sou o lamento de uma alma penada
Um tristonho Diabo em seu trono...
Sinto-me onda se arrastando na areia dourada
De uma praia de um outro outono
Sou tempestade que se anuncia numa trovoada
Um por do Sol na Praia do Forno...
Sinto-me desse tudo um quase nada
De uma vida que passou como outro outono
Sou uma nesga de emoção pela memória tragada
Que vai vivendo e revivendo em seu próprio abandono...
João C. Lima.
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