Amor, terna ferida
Daquela que nunca sara
Dor de uma cura perdida
Que remédio algum repara...
E quanto mais se faz doída
Quem sente não se separa
Feito alma sem corpo moída
Quando diante da morte depara!
Deixa-se sangrar nessa lida
A nada essa hemorragia compara
Como a mente do suicida
Ou do pervertido a tara!
E se faz tão e quão renhida
Como do bambu flexível vara
A curvar-se pela vida
De forma subitamente rara
É feito terra desconhecida
Que nem todo coração encara
Como um venenoso herbicida
Matando do sentir, flor mais cara...
Força que transcende, incontida
Trem que em estação alguma para
Passagem no tempo, só de ida
Que em infinitos trilhos dispara!
Em todo ser se faz sentida
Onde nem a razão se ampara
Aos céus do prazer é impelida
E Deus de frente encara!
Amor, terna ferida
Daquela que nunca sara...
Beijos e abraços enfeitiçados