Powered By Blogger

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

ENIGMÁTICA BELEZA...

Ela é bela, sim, ela pode até achar que não...
Mas sua beleza transcende o físico, quiçá o tempo
E não falo só daquela pragmática beleza do coração
Ela passa nas feições algo forte, um sentimento
Que supera qualquer resquício de razão
E que se perpetua vivamente em meu pensamento...

Ela é bela, sim, ela pode até achar que não...
De uma beleza exótica, algo assim quase inexata
Como se misturassem paisagens da Itália com as do Japão...
Que me roubam do raciocínio qualquer lógica imediata
Posso ler em seu semblante uma dissonante solidão
Mas que seus sonhos de um verdadeiro amor, não mata...

Ela é bela, sim, ela pode até achar que não...
Uma beleza forte e frágil que me confunde e seduz
Que sem perceber me resgata da minha própria escuridão
Uma força que todo bem querer regenera, uma luz
Algo que de tão sublime, não reconhece a própria imensidão
Quando pelos caminhos da esperança, vem e conduz...

Ela é bela, sim, ela pode até achar que não...
Uma beleza que se faz plena e sutil, como a Natureza
Domina o ambiente, carrega meus olhos de paixão
Faz o amor renascer assim... Com tamanha leveza...
Que quando penso nela, caminho sem tocar no chão
Na ânsia pueril de guardar, só pra mim, sua enigmática beleza...



João C. Lima.

sábado, 29 de agosto de 2020

PEGAR NA SUA MÃO...

Pegar na sua mão
Eu quero...
Pra aquecer a minha
Espero
Enquanto a gente caminha...

Pegar na sua mão
Eu sonho...
Tão pequena e delicada
Proponho
Aquecê-la do frio da madrugada...

Pegar na sua mão
Eu preciso...
Entrelaçando nossos dedos
Indecisos
Quando sentirmos certos medos...

Pegar na sua mão
Eu vou...
Pra sentir a pulsação do seu ser
Restou
Muito mais que um suposto prazer...

Pegar na sua mão
Eu espero...
E que eu possa mostrar o quanto sou
Sincero
E que pronto para você agora estou...

Pegar na sua mão
Eu desejo...
Pra dizer nestes meus versos rasos quanto sutis
Almejo
Eu possa ao seu lado ser e te fazer feliz...



João C. Lima.

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

FLOR...

Ela é assim, flor que desabrocha quando sopra o vento
Nessas noites frias como tantas noites invernadas
Vem sorrateira e invade por inteiro meu pensamento...

Ela é assim, flor que perfuma o ar quando nasce a Lua
Nessas noites claras como tantas noites enluaradas
Vem sorrateira e invade minha cama quente e nua...

Ela é assim, flor que colore quando meus sonhos são sem cor
Nessas noites belas como tantas noites encantadas
Vem sorrateira e invade meu corpo transpirando amor...

Ela é assim, flor que despetala quando se faz a solidão
Nessas noites solitárias como tantas noites instadas
Vem sorrateira e invade as cavernas vazias do meu coração...

Ela é assim, flor que brota quando nada mais consegue resistir
Nessas noites vazias como tantas noites desabitadas
Vem sorrateira e invade minha alma me fazendo existir...

Ela é assim, flor que permanece quando quase já não sou
Nessas noites longas como tantas noites eternizadas
Vem sorrateira e invade minha vida quando sem nada estou...

Ela é assim, flor que nasceu para ser amada por mim
Nesta noite e em tantas outras noites tão esperadas
Vem poderosa e domina tudo, pois sabe que dela sou, até o fim...



João C. Lima.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

ENTREGA...

Não é fácil assim
Entregar um coração tão dorido
Pra quem já chegou tantas vezes ao fim
E viu a razão quase perder o sentido...

Falar que o amor veio enfim
Como se ele fosse algo proibido
É como te oferecer pedaços de mim
E não sentir o meu corpo ferido...

Mas não há como negar
E esse sentimento o coração não nega
Faz minha alma transpirar...

Vem abruptamente sutil e me pega
Deixemos, então o medo naufragar
Para nos atermos somente, a nossa íntima entrega...



João C. Lima.

domingo, 23 de agosto de 2020

SOB O LUAR...

O amor vem e bate na porta como o vento
No meio da noite me fazendo acordar
Na mera ilusão de ter visto seu movimento
Por algum momento sob o luar...

O amor vem e cintila nos olhos como um reflexo
Me fazendo só os traços do seu rosto enxergar
Na mera ilusão de ter visto teu olhar perplexo
Por algum momento sob o luar...

O amor vem e gruda nos lábios como um beijo
Me fazendo querer sua boca outra vez provar 
Na mera ilusão de ter visto seu sorriso de desejo
Por algum momento sob o luar...

O amor vem e penetra nos ouvidos como uma canção
Me fazendo sua voz sussurrante escutar
Na mera ilusão de ter visto desmanchar a solidão
Por algum momento sob o luar...

O amor vem e atravessa minha pele e ossos
Me fazendo seu corpo por inteiro desejar
Na mera ilusão de ter visto os sonhos nossos
Por algum momento sob o luar...

O amor vem e rouba nossas almas
Me fazendo diante da fé duvidar
Na mera ilusão que nossas vidas transitem calmas
Por algum momento sob o luar...

O amor vem e se instala no coração
Me fazendo novamente em algo acreditar
Que juntos podemos vencer com a força da paixão 
Para todo sempre sob o luar...


João C. Lima.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

DE PARTIDA...

Estou partindo...
É assim que há muito me sinto
Indo, saindo, pra longe daqui
Pra outro lugar... Distante infinito...

Preciso partir...
Sei que pouco tempo ainda me resta
Levo na mochila as saudades
Mas só de quem e do que realmente presta...

Vou agora...
Com minha calça jeans surrada
E meus tênis mais velhos que o tempo
Corroídos pelo pó de tanta estrada...

Parto...
E levo todas essas lembranças comigo
Além de uma estranha tristeza no olhar
Mas sem o adeus de um amigo...

Rumo...
Para onde ainda não sei, nem quero saber
Alguma coisa me impulsiona pra fora, adiante
Um sentimento invisível que não consigo entender...

Caminho...
Com medrosos passos... Passos que não são meus
De quem não quer ir, mas também não quer ficar
A espera de um último e longo adeus...

Choro...
E as lágrimas embotadas como o tempo
Se misturam a poeira da estrada, turvando a visão
Na percepção desse cruel sentimento..

Sigo em frente...
E não há porque parar ou desistir da caminhada
Deixo para trás quase nada e quase tudo
Vou despindo minha alma ao longo dessa estrada...

Não vou voltar atrás... 
Não há um porque nesse adeus nem despedida
Parto a passos lentos e com o coração na mão
Saio, mas fecho a porta... Na partida...



João C. Lima.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

NO FUROR DOS SEUS QUADRIS...

Seus movimentos me dominam como num mesmerismo 
E se fazem tão sensualmente sutis
Ultrapassando as raias de todo anacronismo
Tornando mais quentes momentos febris...

Nesse seu jogo cheio de segredos e erotismo
Em você quero morrer e renascer pra ser feliz
Abandono os exageros poéticos do meu lirismo
Sorvendo-a com beijos do calcanhar ao nariz...

Quando passa sua língua na minha orelha sem maneirismo
Chego a flutuar com as coisas desconexas que sussurrando diz
Fazendo acionar dos meus delírios e desejos, o mecanismo

Oferecendo desabrochada sua terna flor de liz
Rompendo no tempo-espaço as barreiras pueris do romantismo
Me envolvendo tímida e sedutora no furor dos seus quadris...



João C. Lima.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

PELA VIDRAÇA...

Vejo pessoas andando e carros trafegando pelas ruas
Vejo um Sol preguiçoso acima dos arranha-céus
Vejo árvores, praças e uma cidade que são duas
E meus sonhos que se perderam entre luzes e breus...

Vejo nuvens pesadas tangidas por poderosos ventos
Vejo folhas secas e corpos sujos sobre as calçadas
Vejo a poeira perdida dos meus vãos sentimentos
E meus sonhos que se perderam em infinitas madrugadas...

Vejo cair as primeiras gotas de qualquer chuva fina e fria
Vejo as luzes mortiças dos postes antecederem a noite
Vejo refletir nas poças essa minha torpe elegia
E meus sonhos fazendo o coração bater como um louco açoite...

Vejo depois da chuva, a água passando ligeira rente ao meio fio
Vejo o sereno que chega e a névoa baixando sutil e serena
Vejo correr de mim a saudade como um turvo e caudaloso rio
E meus sonhos de partir daqui pra viver numa cidade pequena...

Vejo as almas que correm sem rumo no deserto cruzamento
Vejo meninas e meninos barulhentos em busca da adolescência tardia
Vejo em seus pueris espíritos algum perdido alumbramento
E meus sonhos que se desfizeram numa última alegria...

Vejo tantas coisas acontecerem ao mesmo tempo lá fora
Vejo um mundo louco que gira, enquanto bebo meu amargo café
Vejo partes do que já fui, partindo pra longe, indo embora
E meus sonhos mesclados entre a  descrença e a fé...

Vejo daqui que mesmo assim nada com certeza foi em vão
Vejo que na força desta emoção minha pouca visão embaça
Vejo que o sentir é doído neste meu solitário coração
E meus sonhos que perpassam através dos vidros desta vidraça...



João C. Lima.

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

SIMPLICIDADE...

Talvez nada tenha que ser tão abrupto e violento como tem sido
Situações que se fazem tão absurdamente inexatas e complexas
Tornando a vida um momento obscuro, cruel e dorido
Por múltiplas questões e tantas outras dúvidas anexas...

Porque tem se tornado tão árdua a tarefa de respirar?
De sorrir, de sentir, ser bom, honesto e sincero
De querer e fazer o bem, de cuidar, dar afeto e amar
Mesmo que por um instante indefinido e passageiro...

De pegar na mão um do outro, sem medo do contágio e sair 
Para ver pessoas nas ruas, e a luz do Sol tão boa, acolhedora e quente
Sentir o vento soprando no rosto... Conhecer outros lugares por aí...

Falar coisas bonitas e cantarolar canções que emocionam a gente
Não estar pronto e mesmo assim aguardar ansioso por um novo porvir
E viver a vida com intensidade, leveza e alegria, simplesmente...


João C. Lima.

domingo, 9 de agosto de 2020

ENSOLARADA...

O Sol da manhã se mostra sem brilho e ofuscado
Diante da claridade que você inocentemente produz
Se esconde entre nuvens, deixando o céu meio nublado
Enquanto sua luz natural tudo que alcança seduz...

Você que se faz ensolarada nessas manhãs claras e frias
E aquece nossos corpos num íntimo momento, solitários e nus
Faz derreter distantes saudades que se apresentam tardias
Abrindo cúmulos-nimbos e revelando céus muito mais azuis...

Você de branco contra a luz entre as cortinas balouçantes da janela
Tão sublime e bela, e intangível como o próprio ar...
Com uma caneca de café na mão e esse olhar que segredos enovela

Sorrindo assim misteriosa e brejeira, aquietando meu coração secular
Sua luminosidade colore ao derredor tal como deslumbrante aquarela
Vem do seu coração e aquece minha alma com o seu calor puro e solar...



João C. Lima.

sábado, 1 de agosto de 2020

MUSA AO POR-DO-SOL...

Imagino ali sua figura, delgada e poderosa
Em algum lugar do interior olhando o Sol crepuscular
Sua silhueta que se faz assim tão majestosa
E eu este poeta apaixonado a admirar...

O por do sol parece fazer uma reverência
À sua beleza tão exótica e delicada
E o tempo passa sem qualquer interferência
Enquanto sutilmente a tarde se esvai avermelhada...

Você tão calada olhando o horizonte se apagando
Enquanto te observo em silêncio, oh, encantada
Quero passar o resto da vida seu nome versejando

Como quem se declara eternamente à mulher amada
Mas antes que a noite impetuosa chegue enluarando
Declamando, te pergunto, quer ser minha namorada?



João C. Lima.