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segunda-feira, 17 de agosto de 2020

PELA VIDRAÇA...

Vejo pessoas andando e carros trafegando pelas ruas
Vejo um Sol preguiçoso acima dos arranha-céus
Vejo árvores, praças e uma cidade que são duas
E meus sonhos que se perderam entre luzes e breus...

Vejo nuvens pesadas tangidas por poderosos ventos
Vejo folhas secas e corpos sujos sobre as calçadas
Vejo a poeira perdida dos meus vãos sentimentos
E meus sonhos que se perderam em infinitas madrugadas...

Vejo cair as primeiras gotas de qualquer chuva fina e fria
Vejo as luzes mortiças dos postes antecederem a noite
Vejo refletir nas poças essa minha torpe elegia
E meus sonhos fazendo o coração bater como um louco açoite...

Vejo depois da chuva, a água passando ligeira rente ao meio fio
Vejo o sereno que chega e a névoa baixando sutil e serena
Vejo correr de mim a saudade como um turvo e caudaloso rio
E meus sonhos de partir daqui pra viver numa cidade pequena...

Vejo as almas que correm sem rumo no deserto cruzamento
Vejo meninas e meninos barulhentos em busca da adolescência tardia
Vejo em seus pueris espíritos algum perdido alumbramento
E meus sonhos que se desfizeram numa última alegria...

Vejo tantas coisas acontecerem ao mesmo tempo lá fora
Vejo um mundo louco que gira, enquanto bebo meu amargo café
Vejo partes do que já fui, partindo pra longe, indo embora
E meus sonhos mesclados entre a  descrença e a fé...

Vejo daqui que mesmo assim nada com certeza foi em vão
Vejo que na força desta emoção minha pouca visão embaça
Vejo que o sentir é doído neste meu solitário coração
E meus sonhos que perpassam através dos vidros desta vidraça...



João C. Lima.

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