Perambulo
Entre velhos sobrados
Abandonados
Talvez tão assombrados
Quanto eu...
Suas carcomidas fachadas
Tão velhas
E desgastadas
Mostrando que o tempo no tempo
Se perdeu...
Eu tão perto do fim
Busco nesses sobrados
Quem sabe sobras de mim
E perambulo
Tão nada, tão nulo
Entre os velhos sobrados
Um suspenso jardim...
Repletos de passado
E histórias tantas
Velhos sobrados
Com suas fachadas
Pichadas...
E seus vasos de plantas
Em suas sacadas
Cheias de fuligem e pombos
Tristonhos assombros
Que a cidade
Na sua velocidade
Se esqueceu...
Eu que ando tão sem um amor
Quanto sem rumo
Em meio ao meu caminho
Um tempo arrumo
Pra admirar esses velhos sobrados
Que estão por quase toda cidade
Num misto de desleixo
E saudade
Do que era antigo e se desfaz
De um tempo que no tempo
Não volta mais...
João C. Lima.