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domingo, 4 de abril de 2021

LAJOTAS...

Depois da chuva, poças formaram ilhotas
Sobre o caminho de pedras que leva ao coração
Soltaram-se trancas, abriram-se portas
Mas a moça não disse, nem que sim, nem que não...

Depois da madrugada, o orvalho deixou suas gotas
Sobre o caminho de pedras que leva a paixão
Onde borboletas desvairadas voavam tontas
Como um coração descompassado na sofreguidão...

Depois da noite densa, ecoou o pisar de botas
Sobre o caminho de pedras que leva a solidão
Onde um anjo negro, com imensas asas tortas
Veio sentenciar o amor, a essa prisão...

Depois do por do sol, a noite desceu em cotas
Sobre o caminho de pedras que leva a desilusão
E sentimentos mordazes vieram como agiotas
Querendo emprestar ao mundo essa aflição...

Depois da ventania, nuvens se deslocaram soltas
Sobre o caminho de pedras que leva além da razão
Pensamentos confusos e palavras pouco doutas
Formaram no âmago, uma torpe canção...

Depois do verão, o outono trouxe o amor em compotas
Sobre o caminho de pedras que leva a outra estação
Por onde, a moça descalça caminha pisando em lajotas
Vindo enfim me encontrar, quiçá pra sempre, então...



João C. Lima.

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