Depois da chuva, poças formaram ilhotas
Sobre o caminho de pedras que leva ao coração
Soltaram-se trancas, abriram-se portas
Mas a moça não disse, nem que sim, nem que não...
Depois da madrugada, o orvalho deixou suas gotas
Sobre o caminho de pedras que leva a paixão
Onde borboletas desvairadas voavam tontas
Como um coração descompassado na sofreguidão...
Depois da noite densa, ecoou o pisar de botas
Sobre o caminho de pedras que leva a solidão
Onde um anjo negro, com imensas asas tortas
Veio sentenciar o amor, a essa prisão...
Depois do por do sol, a noite desceu em cotas
Sobre o caminho de pedras que leva a desilusão
E sentimentos mordazes vieram como agiotas
Querendo emprestar ao mundo essa aflição...
Depois da ventania, nuvens se deslocaram soltas
Sobre o caminho de pedras que leva além da razão
Pensamentos confusos e palavras pouco doutas
Formaram no âmago, uma torpe canção...
Depois do verão, o outono trouxe o amor em compotas
Sobre o caminho de pedras que leva a outra estação
Por onde, a moça descalça caminha pisando em lajotas
Vindo enfim me encontrar, quiçá pra sempre, então...
João C. Lima.
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