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terça-feira, 2 de junho de 2020

MARIA-FUMAÇA...



Numa antiga estação de trem
Aguardo a Maria-Fumaça chegar
Aqui no interior do interior de algum lugar
Onde lembranças distantes sempre me vêm...

Sentado no banco rústico de madeira
Estou sozinho nesta vazia estação
Sentindo um "nada" em meu confuso coração
Enquanto a luz do Sol vem deitar sobre a soleira...

Vejo entre os trilhos, folhas secas sopradas ao vento
E a poeira que dança zonza com algum redemoinho
Na viga que segura o telhado, um abandonado ninho
Como eu me sinto neste preciso momento...

Ouço passos na plataforma escura de concreto
Mas posso ver que não há ninguém passando
Talvez fantasmas de um passado, também esperando
Esse enigmático trem, de horário incerto...

Me concentro em meus pensamentos perdidos
São tantos quantos as pedras do "lastro" dessa via
Nessa remota quanto abandonada ferrovia
Posso até escolher entre meus delírios tão sortidos...

Ao longe ouço o apito estridente da Maria-Fumaça
E vejo subir aos céus a fumaça que da sua chaminé sai
O embalado trem vem chegando, pra pegar quem nunca vai
Enquanto uma lágrima furtiva minha visão embaça...

Quando a locomotiva pára estremecendo a estação com seu porte
Vejo que os vagões estão vazios... Sem passageiro algum...
Embarco solitário... O apito toca deste trem de destino incomum
Então entendo, que cada um escolhe seu meio de partir, após a morte...


João C. Lima.

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