
Quando estou sozinho, aqui no meu quarto e a tarde cai lentamente lá fora, lembro das pessoas que passaram pela minha vida, das paixões de menino, dos amores adolescentes e que agora adulto, ainda não consigo de todo compreender...
Quando era menino, não entendia meu descompassado coração, quando acelerava perdidamente, ao ver aquela menina com quem sonhava estar um dia...
Na adolescência, paixões e amores perdidos, que nunca se consumaram... Mas que renderam belas poesias e muitas noites mal dormidas... Muitas...
E hoje eu aqui, homem feito, ainda me consumo com sonhos de amores perdidos, ou de amores que passo a passo caminham para um lindo desfecho... Ou para um novo recomeço.
Tão avassaladoras essas lembranças, enquanto a tarde cai, com sua lentidão precisa... E alguma lágrima fugidia, teima em fugir dos meus olhos e rolar pela minha negra pele... As vezes no silêncio da tarde, lembro desses rostos tantos, desses sorrisos muitos e eu ainda menino, adolescente, quase homem tento pesar as coisas que perdi, as chances que não aproveitei, as palavras que não soube dizer, ou que disse num sussurro... Hoje homem já não cometo tais erros e tolices, erros cometo sim, mas não erros frutos da insegurança ou da imaturidade, não hoje sei o peso de cada coisa, e mesmo assim ainda corro riscos...
Mas tem uma coisa que não mudou em mim, ainda sinto as mesmas coisas daquele menino... Tenho as mesmas paixões loucas daquele adolescente, e como homem feito tento preencher o vazio deixado em tempos idos... Hoje amo incessantemente e me atiro de cabeça nos amores, nas paixões que vivo, mas antes de me jogar, meço a altura e tento a todo custo cair de pé, nem sempre é assim, nem sempre foi assim...
Porque, graças à Deus, erro.
Aprendi que o amor tem suas variáveis, e muitas faces... Tantas que nos fazem confundir, amor com paixão... Muito embora sejam tão assemelhados, tão próximos, quase siameses...
Amo hoje, com a mesma intensidade de antes, e com um agravante, com mais força e paixão... Sinto as perdas com dores dilacerantes, como sinto os relacionamentos que terminei, pela vontade de mudar, de sair da estagnação, quando todos os cartuchos foram literalmente queimados, e apenas os prazeres da carne permanecem ainda acesos... Acesos até que a noite termine... O amor e o sexo vivem juntos... Mas o sexo sem amor passa a ser apenas um desejo... Por mais carinho que ele traga em seu conteúdo.
Hoje, homem que sou, penso e repenso cada ato, me contenho, e tento não ser tão infantil como o menino, nem tão impulsivo como o adolescente... Mas como separar de dentro de mim essas duas partes tão vivas? Que fazem parte de minha vida e do meu crescimento... Do meu amadurecimento. Acredito que seja impossível... E mesmo que me controle, sinto o enorme desejo de sem as amarras naturais de ser adulto, mergulhar sem medo, sem receios e sem pudores no mar repleto de mistérios de um novo amor...
Então que assim seja... Diz meu coração.
E sob a luz do crepúsculo, deixo escapar aquela lágrima fugidia... E sorrio, sabendo que sempre vale a pena relembrar velhos amores... E não comparando, é bom saber que ainda se pode amar intensamente e viver o hoje com uma intensidade ainda maior do que dos amores de outrora...
E a tarde dá lugar à noite, chega ao fim o crepúsculo... E minhas recordações, mesmo que rápidas, se misturam com oque vivo hoje... Outros crepúsculos hão de vir, eu sei, e com eles novas recordações, de amores passados, e a certeza cada vez mais viva do amor que hoje cresce lentamente, mas de forma poderosa em meu coração...
Beijos e abraços crepuscularmente enfeitiçados.
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